Há três dias e três noites que estas dezenas de pessoas esperam que um simples barco, de alguma Marinha da Europa civilizada, culta e moderna, as ajudem, as salvem da fome, ou da hipotermia, ou de uma agonia lenta. Um arrastão de Malta - por sinal, também um país desta Europa - recusou deixá-los entrar a bordo, porque a pescaria que levava, no valor de 1 milhão de dólares, era um bem demasiado precioso. Salvar as pessoas faria com que o barco perdesse velocidade, demorando 12 dias a alcançar terra. Para alimentar a esperança, o comandante do Budafel atirou-lhes uma rede de pesca de atum. O comandante deste rebocador é homem valente, digno de uma condecoração, por importantes serviços prestados à Europa e à Humanidade. Talvez um arpão o ajudasse a perceber que os seres humanos merecem mais que um rede de atum, em pleno mar Mediterrâneo. E seres humanos são todos: do Gana, Nigéria, Camarões, Sudão ou de outra terra esquecida, África inclusive.