sexta-feira, maio 29, 2009
Elogio
Desejei um elogio ontem e em todas as noites. Como não havia hora de chegar, auto-infligi um disparo de louvor à vida, que é acção. Ficar à espera de um elogio, é que não. Posso impingi-lo a mim próprio, em quantidade digna para me levantar do chão. Ergui-me e com tantos elogios, como rajadas de balas, pus-me em pulos, nem me recordava do pesadelo de ficar à espera de um elogio. Aguardá-lo é ir à caça e fiarmo-nos na chegada oferecida das lebres.

Quadro: Marc Chagall, O Violinista Verde.
 
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Imagens
O meu amor pela fotografia começa quando, em pequeno, como todas as crianças, saltei para um cavalinho de madeira, imóvel, e o fotógrafo de serviço captou “esse instante único”, no Bom Jesus, em Braga. É das primeiras fotos que me vêm à memória. Aqueço ainda com outros momentos, do berçário, enroscado por mantas quentes e coloridas, dos finais dos anos 70. Guardo, não sei exactamente em que gaveta, uma outra, ao lado do meu único irmão de sangue, uma irmã, aliás, três anos mais nova, em que juntos, fomos apanhados em pose fraternal. Devo advertir-vos, por incrível que pareça, que até aos quatro, cinco anos, o meu cabelo era mais louro que castanho. Uma preciosidade que só uma câmara e as confidências de mãe o poderão comprovar. Já mais jovem, é com “A Câmara Clara”, de Roland Barthes, curiosamente também em Braga, que digamos, a imagem me entra pelos olhos e sai pelo coração pensativo. Na busca do seu significado. [Valha-nos de alguma coisa as aulas de Semiótica!!!].
A partir de agora, estarão disponíveis no Olhares algumas fotografias, uma de cada vez, tiradas em qualquer lugar, onde serei apenas o captor amador, nunca o capt[ur]ado. Não é vaidade, é apenas sentido de partilha. Era um atentado reservar para o meu ego o tal “punctum” misterioso roubado ao tempo e à luz.
 
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quinta-feira, maio 28, 2009
Simon's Cat


Conheço uma gata parecida.

Fonte: Youtube.
 
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quarta-feira, maio 27, 2009
O que devia ser. E não é.
Segundo a TSF se o salário mínimo tivesse subido ao ritmo da inflação, desde que foi criado há 35 anos, seria de 584 euros e não de 450. E é isto. Nem sei a quem agradecer.
 
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Rosto
Aqueles dias excluíam-me do sangue-frio. Prostrei-me diante de um espelho e encetei um primeiro esboço de cara imaginária. Efabulei que não me via e fingi que era um rosto sinalizando outra figura. Era manhã e toda a manhã me decompus, linha e ponto, até que descobrisse um vestígio de optimismo esclarecedor, consolado e duradouro. Deparava-me com sinais contraditórios, numa narrativa de rugas desconexas. Era já tarde de fogo quando silenciei os meus medos infantis. Pressentia que o olhar interrompia a tentativa de ensaio visual. Estava no mais completo estado de explosão e liberdade, mas sentia-me absorto ao infindável, aos númenos. Assinei uma declaração consciente, aspirando o invisível. Coleccionei dúvidas atabalhoadas, tontas e estranhas. Era já noite, com o corpo e a alma entregues ao cansaço do subtil, ao enfartamento da fome e da sede, e balbuciei que não voltaria mais a relativizar-me. Sabia que era insensato o meu ensaio. Loucura em desespero. Dirigi-me à janela e respirei uma única frase sufocante: “Sou o que sempre fui”. Não sei queimar mais os pulmões com a ausência do teu fumo.

Pintura: Rembrandt, Une fille à une fenêtre.
 
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terça-feira, maio 26, 2009
Abismo chama abismo
Quando posso, evito abordar temas gastos e maçadores. Política, por sinal. Mas não podia deixar passar em branco esta notícia. Sabem quem é Roh Moo-Hyun? Eu desconhecia, até há momentos. Foi presidente da Coreia do Sul, entre 2003 e 2008. O desfecho da sua vida pode ser resumido pelas palavras do seu antigo secretário: “O Presidente Roh saltou de uma rocha, nas montanhas por detrás da aldeia de Bongha”.
Roh Moo-Hyun, com 62 anos, atirou-se para um precipício. Decidiu morrer de vergonha, depois das investigações que decorrem sobre si e seus familiares sobre corrupção, suborno e desvio de dinheiros.
Em Portugal, Oliveira e Costa vai ao Parlamento. Vejo no mapa que em Lisboa não há desfiladeiros (salvo a Boca do Inferno, em Cascais).
Há pessoas que deviam ter um pouco de auto-indignação pelo que fazem. Roh Moo-Hyun era um mero suspeito. Se vergonha teve de si, ou da sua família, a expiação do seu erro está alcançada. Era mais do que se lhe podiamos pedir. Longe de pretender que os corruptos deste país se lancem ao Hades mais próximo. Talvez que tenham alguma decência. Ou humildade.
 
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segunda-feira, maio 25, 2009
1996
O que é que há de tão fixe em 1996? Para mim uma e só uma coisa: A ovelha Dolly. O primeiro mamífero a ser clonado foi um acontecimento tão cool que não me consigo lembrar de muito mais desse ano. Lembro-me de ver imagens do countryside britânico e de muitos animais de pasto em paisagem bucólica. A paisagem das ilhas britânicas é a única que me dá vontade de ser agricultor. Mas só essa. 1996 foi o ano das maiores férias da minha vida. 4 meses sem fazer absolutamente nada em casa. Lembro-me que nessa altura queria engordar. 1996 trouxe namorada nova, acho eu. E também trouxe um dos melhores albuns rock dos anos 90: yourself or someone like you dos matchbox 20.

Este 3 AM vem de lá e foi dedicado a uma mãe com cancro. Venha a paz.

 
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Coisas boas de Portugal (XLV)
Póvoa de Varzim (a água é fria, mas as gentes são calorosas).
Fonte: Olhares.
 
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A natureza do homem
Acredito que Jean-Jacques Rosseau está mais próximo da verdade que Thomas Hobbes. E não é uma questão de estilo, mas de convicção: no fundo, o homem é bom por natureza. Discordo, porém, do pormenor de atribuir à sociedade a responsabilidade pelo seu corrompimento. Se queremos encontrar um culpado pelo desvirtuamento do próprio homem é ao homem que nos devermos dirigir. Não deixa de ser uma contradição, obviamente. Afinal, se o homem é bom por natureza, como se explica que ele seja igualmente o causador desse afastamento?
O que desvia as pessoas da sua alma natural é sempre o excesso: da racionalidade, pela submissão continuada ao raciocínio; da paixão, pela entrega cega à emoção. Mas também é o excesso que faz evoluir as sociedades: a arte é exagero; a ciência é busca de além-limites; a guerra é a conquista do perene.
Por vezes, distorcemos, ora um tanto ora um todo, a realidade. A nossa insegurança, por um lado, o nosso passado, por outro, contaminam a interpretação dos factos. E em resposta aos estímulos do exterior, agimos em sequência mimética, imparável, vertiginosa e escalonada, convertendo-nos em fotografias multiplicadas sem fim, submetidas à mesma luz, matéria e intensidade.
Insisto, por isso, em contrariar a repetição dos comportamentos, o estar na vida com esse “pulsar mecânico” e do “porque tem que ser como sempre foi”.
Se soubermos parar cinco segundos - c - i - n - c- o s - e - g- u - n - d - o -s - e ver a vida a partir de um abrigo mais atento, pousado e confiante, com alguma certeza encontraremos uma análise autêntica do que nos envolve. Não duvidaremos, enfim, da honestidade do indivíduo.
Creio por isso no que há de selvagem e bom no homem. É essa a sua grandeza. E a nossa dádiva deveria perceber que a natureza do homem é mesmo assim.

Pintura: O Nascimento de Vénus de Sandro Botticelli.
 
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sábado, maio 23, 2009
Botões
Se me lembrasse sobre o que tenho para dizer hoje, não estaria a aconselhar os meus botões. Dize-tu-direi-eu que é nestas tardes, com tanto vento para soltar, que me arranjo para a noite. Observo um cavalo ou cão que dou à corda e umas dúzias de canas nascidas em cascata. Misterioso é reparar que há quatro ramos de flores, rosas rosa e rosas amarelas, que florescem nesse jardim desprezado. Não fosse a tarde de sol que ainda não se foi, e as flores já teriam perdido a vaidade de se aguentarem na Primavera. E agora retiro-me, porque os botões já não aguentam mais conselhos. Aperto-os, sem rasgo nem carícia.

Quadro: Paul Gauguin, Arearea ("Joyeusetés").
 
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quinta-feira, maio 21, 2009
O pretexto

- Tem nome de viajante?
- Como?
- Era um tal de espanhol…
- Ah, já estou a compreender. Mas não era espanhol, era genovês, aliás, veneziano…
- A Europa nessa altura era um continente desconhecido.
- Sim, era. Mas ele também esteve na China…
Esta conversa, verídica, ocorreu num aeroporto, no regresso de uma viagem. De repente, o vendedor tentava distrair-me dos gastos last minute, porque quando estamos num duty free parece que nos falta algum objecto fútil, para levar para casa.
Principalmente, aqueles 2 minutos de fala sem assunto, trazem-me a vontade de dissecar um pouco sobre o começo, a identidade. Quantos de nós não fizeram a vulgar pergunta: qual a origem dos meus nomes próprios? Aqueles que desconhecem a resposta, devem colocá-la quando estiverem de volta da saia da mãe, dos braços do pai ou da companhia dos padrinhos. Eles são, para cúmulo dos nossos (dis)sabores, os autores morais dessa quase fatalidade. Encontra-se no BI, ou no passaporte, para incrédulo confirmar.
Pois no meu caso, e mesmo tendo sido confundido com o mais mítico viajante da Idade Média, devo advertir-vos que a proveniência dos meus nomes próprios [e relembro que os de família estão separados em destaque no passaporte] são o resultado de um qualquer cantor de música tipicamente made in Portugal. Que originalidade! Nunca quis mudar-me para Polo, porque teria que explicar, sempre que estivesse prestes a embarcar para a aventura (ou fim dela), que nem sou italiano – e de Itália, falemos tudo menos de nomes -, nem descendente de sangue pintado com côr de mar. É realmente provocador aquilo que prescrevem os manuais do bom senso: dêem um nome errado a uma criança e ela estará marcada para o resto da vida. Para meu consolo, antes nome de cantor popular que nome de cachorro, ou de marca de batata frita...
 
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terça-feira, maio 19, 2009
O controlo figurado

No fundo, a questão central é sempre a mesma: se tivéssemos o dobro do tempo que necessitávamos naquele efémero instante – para respondermos às questões de um teste, para aproveitarmos o carinho dos nossos avós, para partilharmos os momentos com os nossos amigos,…- a vida seria diferente. Acontece que as unidades de duração das coisas não são assim tão elásticas. O tempo é, antes de mais, o confronto com a alternatividade: ou optamos por ir ao cinema ou preferimos andar de bicicleta; ou vegetamos no sofá ou vamos estender as pernas à rua; ou respondemos às perguntas mais cotadas e que dominanos ou bloqueamos no teste. Não existem duas escolhas.
Já repararam que há séculos que medimos da vida exactamente da mesma forma? Anos, meses, dias, horas, minutos e, por vezes, segundos. Nem mais! Seria, todavia, infrutífero tentarmos criar outros modelos de contagem das coisas, porque isso não aumentaria o tempo que temos.
A divisão das coisas segundo unidades perceptíveis é tão-só um método para conferir uma aparência de ordem. Porque o tempo é também controlo figurado do caos. O ser humano tem essa necessidade inata de recorrer ao abstracto do que é concreto: a matemática, a lógica, a geometria, a estatística encaixam os factos em gavetas, para que todos possam ver o quão conseguimos arrumá-los. Ora, os números arrumam-se, as vidas no seu todo, demora mais... tempo. Porque isso do tempo, isso é imprevisibilidade.

Pinturas de André Masson : O Sol; A Lua.
 
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A inocência é desconcertante
Diálogo entre mim e a minha mulher:

Ela- Então o Quique vai embora?
Eu- Vai.
Ela- Porquê?
Eu- Porque os resultados foram maus.
Ela- E não tem sido assim todos os anos?
Eu- Erm...
 
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segunda-feira, maio 18, 2009
rabo virado para a Lua
amor
é ter rabo virado para a Lua
e
amor sem número par é equívoco
amor sem diálogo é novelo
amor sem entrega é fraude
amor sem espaço é clausura
amor sem noite é ofensa às estrelas
amor sem chocolate é eclipse invisível
amor sem beijo é desperdício de sentidos
amor sem criatividade é folha em branco
amor sem metáfora é negação da arte
amor sem verdade é autopunição
amor sem saudade é fingimento
amor sem brinde é mármore
amor sem surpresa é vazio
amor sem sonho é astenia
amor sem chama é negócio
amor sem poesia é telegrama
amor sem prosa é letra bancária
amor sem humor é piada grosseira
amor sem música é ruído inaudível
amor sem perfume é ausência de flores
amor sem mistério é paisagem de betão
amor sem palpitação é ferrugem
amor sem lágrima é fonte seca
amor sem Amor
é Deus a jogar
aos dados.

Pintura: “Mujer ante el sol” de Joan Miró.
 
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domingo, maio 17, 2009
«Quando os cristãos são mensagem»
À imitação de São Nuno, invocai Maria, Padroeira de Portugal. Ninguém como ela acreditou que, na sua humildade, era possível transformar o mundo, fazendo da sua vida missão. Sede para esta sociedade, tão marcada por egoísmos e por projectos sem ideal, uma carta escrita, não com tinta, mas com o sangue de uma vida entregue, e não haverá crise que vos resista.

Tinha muito a dizer sobre isto.
Ler aqui o conteúdo da mensagem.
 
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sexta-feira, maio 15, 2009
Magalhães
Magalhães.

Muito bom (parte II)!
 
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Geração 2.0
Estou comovido (parte I)!

PS: Decidi corrigir, apenas fazendo o link, ou este blogue perdia pontos em termos de popularidade.
 
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A Flock Of Seagulls - I Ran


Hmmmm... Não me lembro do ano [década de 80], mas recordo-me do tema. [Os gostos do clip têm que ser analisados no seu contexto. Os penteados e o guarda-roupa idem].
 
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Coisas boas de Portugal (XLIV)
Ponte de Lima (talvez, ainda, a vila mais bonita de Portugal).
 
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quinta-feira, maio 14, 2009
New gadget

... é a mais recente novidade da Triumph.... Que piroseira!!! Estes japoneses não têm que fazer?!Depois virá a tanga com uma Playstation?
 
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No meu atol
Nesse dia, no primeiro acto de alucinação adiada, farei as trouxas e cumprirei o meu amado ideal de vida. Despojar-me-ei de todos os bens, doentios e corrompidos, e comprarei um pedaço de atol, possivelmente abandonado (bastar-me-á uma eira descartada de confortos). Partirei, com glória e gáudio, para esse topos isolado, mais-que-perfeito, remoto, onde o sol é ainda uma estrela abençoada, contemplada. Voarei com os pássaros, a alma, as faces da Lua, e muitos segredos. Nem saudade, nem melancolia, nem neblina entranhados nos olhos. Recusarei, num trago, a superficialidade das pessoas, a começar a minha perdição pelo angustiante encanto chamado mulher. Rejeitarei todas as tentações impostas pelos nomes, que dão desde sempre, às coisas. Lutarei contra as lufadas e partidas de um destino, rasto de acaso, que não existe, e escreverei o meu próprio ponto na areia. Viverei um presente sem respostas vãs e contradições exasperadas. Estarei colado ao teatro contínuo, com as máscaras que fiz e escondi no peito dilacerado, e a esperança que ousei sonhar. Serei ao mesmo tempo o actor cómico e o espectador alienado. Não terei de confrontar-me com a rudeza e o mau-humor de todos os feitios e desgraças. Procurarei expurgar as memórias, recuperarei da perda incompleta de tempo. Quando perguntarem onde estou, estarei sentado entre a estátua das ilusões e o verde dos coqueiros que me apagam a sede. Se ao menos se lembrarem quem fui, que por aqui estive, quero que saibam que concentrei todas as minhas forças e lágrimas que já não tenho, nesse lugar de reencontro. Comigo.
 
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É isto a maravilha da vida
E aqueles tipos que no Perú que roubaram 600 sapatos desportivos? E quando eles descobriram que não estavam aos pares e que eram todos do lado esquerdo?
 
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quarta-feira, maio 13, 2009
O' Neil
... e quando penso em publicidade, penso em Alexandre O' Neil. E o meu poema preferido, verdadeiro spot, é:
Fala

Fala a sério e fala no gozo
Fá-la pela calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar
Fala com elegância - muito e devagar.

 
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Pub
Será isto uma epifania dos gurus da publicidade?

Fonte: Linha da Frente.
 
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Othar
É uma das mais poderosas lendas. Conta-se que por onde o cavalo de Átila passasse, a erva não voltava a crescer. Othar, assim se chamava o cavalo, encarnava a força guerreira do rei dos Hunos. Ora, Othar parece ter regressado dos confins da Europa Central. Há jardins, nesta cidade, onde a relva não cresce. Há rotundas que mais parecem pauis nos dias de chuva. Há crateras em vias onde circulam carros. Há passeios onde é possível jogar ao dominó com as pedras. Há autênticas obras de arte, improvisações surrealistas e labirínticas, de operários que criam passagens para os carros circularem, sem que isso corte os cabos de electricidade e obstrua os canos de evacuação de entulho. Com os agentes da autoridade a complicarem a circulação. Oh, Othar, se Átila foi o “Flagelo de Deus” no seu tempo, Lisboa é nesta época o caos urbanístico da portugalidade!
 
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Divagar = sonhar acordado
A Mafalda é que deve ter razões para sorrir com isto...
 
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A euro visão
O festival eurovisão da canção continua a fascinar-me. Dizem que já perdeu muita projecção e que não tem qualidade e mais não sei o quê. Quem viu o espectáculo montado pelos russos ontem na primeira semi-final, viu do melhor que já se fez a nível televisivo num contexto musical.

Há quem diga que as músicas não prestam, que são chicletes de 3 minutos com o máximo denominador comum para ter votos. Não refuto totalmente, mas a verdade
é que são muitas vezes esses "críticos" que dão vivas a músicas com 3 acordes dos Rio Grande ou Adriana Calcanhoto.

O festival é um espectáculo com miúdas giras, algumas músicas que vale a pena ouvir e uma competição de amizade entre 40 nações europeias que se juntam numa festa comum. Só por isso já valeria a pena.

A nossa música chegou à final apesar do nervosismo na voz da volcalista dos Flor de Liz.

Fica a música preferida da minha mulher, a Suíça, que ficou pelo caminho. Não sei se ela gostou mais da música ou do vocalista, mas vou esperar que seja da música, já que eu também gostei muito muito muito da "música" da Islandia.

PS: a suécia já ganhou aquilo.



 
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terça-feira, maio 12, 2009
Cadernos de marca branca
Moleskine. Não sou um seguidor desta fabricação de Itália. São-me absolutamente indiferentes. O hábito aqui não faz o monge. Desconfio de quem os utiliza: ou é uma pessoa que sabe o que diz, depois de pensar, imaginar; ou então pertence à categoria dos contorcionistas, gelatina, plasticina. O Moleskine pode ser preto, com folhas presas, e outras aplicações, mas prefiro as folhas de jornais, os cadernos de capa azul, de argolas, perfurados, picotados, baratuchos, tamanho A4, A5, tanto me faz, com ou sem margens, as que eu quiser, até os posso adquirir na Feira da Ladra. Posso rasgar as páginas, de qualquer ângulo, quando e sem nenhuma razão social, dispor traços, riscos e rabiscos, desenhos impressionistas e tentativas desencantadas de reproduzir um retrato, uma paisagem concreta, um poema aniquilado à nascença. Não estou preocupado em saber o que vai ficar para a posteridade, no bonitinho do embrulho negro, porque a minha vontade em expulsar todos os monstros que trago dentro de mim, seres desordenados, míticos, perdidos, adormecidos, é mais forte que o cliché da matéria de cadernos de charme duvidoso - pois até os fanfarrões os exibem -, pomposos, caros e organizados pelo prazer dos outros. Sou dono dos meus próprios papéis. Do meu prazer. Dos meus cadernos. Sem marca, nada de elásticos, mas com espaço livre. Para os meus devaneios.
 
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Coisas boas de Portugal (XLIII)
Queijo Limiano (que assinala 50 anos - e aproveitem para concorrer ao iPod nano). Quem não gosta de queijo, coma fiambre.
 
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Guimarães 2012
Será capital europeia da Cultura em 2012, em conjunto com a cidade eslovena de Maribor (a segunda principal localidade do país depois da capital, Ljubljana). É um prémio merecido para a cidade Património da Humanidade.
 
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segunda-feira, maio 11, 2009
Entretanto cá em cima...
... a chuva molha todos. Parece Inverno pegado e o cheiro da terra molhada tão típico de Maio traz sapatos sujos e recordações.
 
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Se isto é uma Feira…
Quase que me vinha embora sem trazer um único livro. Não posso dizer que fiquei totalmente desapontado, mas confirmei uma ideia que vaticinava. A Feira do Livro de Lisboa está rendida ao tédio moderno. Três notas mais tenho a apontar: é dominada pela Leya, seja isso bom, seja isso mau; há muito lixo pousado nas bancas - chamam-lhe livros; há alguns títulos a preços mais em conta do que nas livrarias. Não fossem os Aforismos, de Oscar Wilde, por um valor de pechincha, e teria levado para casa uma mão cheia de intenções. Nem de propósito contrario Wilde: "A diferença entre literatura e jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida." Mas é para ler?
 
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Chuva molha-tolos
Ó Deus das pequenas coisas, Tu que tornaste as grandes ainda mais belas, sou carne e osso e espírito; a carne e o osso dão-me forma, o espírito vivifica-me. Ontem, caminhei de mãos dadas com o estuário do Tejo, não vi flamingos, mas absorvi umas partículas dispersas de chuva. Poupei assim algum trabalho em enxugar o rosto e ainda afastei a alma de algumas adversidades. Peguei no coração – o meu, claro, porque desse sou artesão em potência – e coloquei-o numa folha de papel translúcida. Vi coisas nunca vistas. Embrulhei-o em seguida, com candura, porque sabia que não podia fazer estragos. Naquele momento, compreendi o incómodo em que me tornara e optei por imitar a atmosfera: aprendi em três tempos o que é a evaporação. Uma poção caseira e contrafeita para o desassossego.
 
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domingo, maio 10, 2009
Nevoeiro
Amanheceu assim a cidade. Quase julguei que acordara em Londres.
Ainda não sei se foi o Tejo que fez o nevoeiro ou se o nevoeiro que trouxe o Tejo. Vou espreitar.
 
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sexta-feira, maio 08, 2009
Les étoiles
Je suis le rêve des petites étoiles d`un monde que n`existe pas. Je crois aussi que les étoiles brillent, que les mérs sont plus calmes que les étoiles. Quand je pense, je laisse mon coeur sur l`infini des mérs calms. J`irai plonger et aprés j`ecouterai les sons d`un monde imparfait.
 
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A importância de ter um anjo-da-guarda numa cama de hospital
"Um aluno de medicina norte-americano reflecte, na primeira pessoa, sobre os mistérios da vida humana, muito para lá dos diagnósticos, das doenças e dos tratamentos..."

Aconselho a leitura no jornal I (infelizmente, não disponível on-line).
 
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Sapatos vermelhos


Gosto do ritmo (não sei, mas associo a "Belle Époque", anos 20, França). Gosto do cenário preto e branco, branco e preto. Gosto do vai e vem dos dos focos de luz. Gosto da coreografia. Gosto do mistério dos sapatos vermelhos.

"Hey Tom", by Rita Redshoes.
 
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quarta-feira, maio 06, 2009
Breathe


Desculpa, Ice, não queria tirar beleza ao teu post anterior, mas tinha de pôr esta grande música...


Breathe, by Midge Ure.
 
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Um bom princípio
Tenho cá para mim que o mundo é demasiado severo com Silvio Berlusconi. Leva-o muito a sério. Aqui temos um homem com 72 anos, líder de um país maravilhoso e que se quer divertir. Por vezes ao divertir-se também faz coisas acertadas. E outras erradas. Mas faz mais coisas bem do que o politicamente correcto que está institucionalizado na velha Europa, não só no poder, mas também na sociedade a começar pela Comunicação Social. Se o homem diz uma piada, é logo uma gaffe de proporções bíblicas, se comete uma gaffe a sério, é um semi-hitler corrupto que devia ser impedido de respirar quanto mais candidatar-se a qualquer coisa.

Ora a última de Silvio Berlusconi é propor para as eleições europeias algumas belas mulheres. E logo cairam os media acusando-o de gigolo e depravado e catalogando as mulheres de "burras" por serem bonitas.

Eu digo que ele fez muito bem. Já que a Europa não interessa a ninguém, que tal um chamariz para os eleitores? Aposto que em Portugal estaríamos muito mais motivados se tivessemos uma Soraia Chaves nas listas do CDS ou uma Helena Coelho como cabeça de lista do PS.

E por fim, já que os políticos não fazem nada mesmo, mais vale que sejam bonitas de olhar. Eu voto sim.






De baixo para cima: Barbara Matera, Camilla Ferranti, Eleonora Gaggioli .
 
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O inexplicável

"Felix qui potuit rerum cognoscere causas".
("Feliz daquele que pôde conhecer as causas das coisas".)
Virgílio

Procuro, inconformadamente, encontrar sempre uma explicação para a totalidade das minhas acções. Reconheço a priori que é um erro, quiçá uma ingenuidade. Ora, os nossos actos e decisões não têm de assentar numa raiz certa, ou numa equação causa/efeito. Há muito mais que a Razão e a busca de uma leitura cartesiana das coisas. [O simples acto de dedicar meia dúzia de frases sobre por que fazemos o que fazemos é, por si só, uma tarefa excessivamente racionalizada].
Comprometemo-nos com o pensamento, mas este não tem de nos retribuir com respostas objectivas e encadeadas.
É, por isso, sensato interiorizar que as nossas vidas têm de saber lidar com o mistério, o inexplicável, o enigma. Se tivéssemos a capacidade de dissecar, com regra e esquadro, a realidade dos nossos passos, não seriamos homens com defeitos, mas divindades exemplares. Aceitar que nem tudo tem de encontrar um modus essendi racional não é necessariamente uma fatalidade, uma tragédia. É, sim, uma evidência, uma verdade modesta. [E acreditem que faço um esforço considerável para explicar a natureza dos meus actos e os da nossa espécie].
 
Lavrado por diesnox at quarta-feira, maio 06, 2009 | Permalink | 0 Comentários extraordinários
terça-feira, maio 05, 2009
O fruto proibido
Por que razão vendem cerejas e melões nas estradas secundárias e nunca maçãs? Por que é que se lhes atribui a categoria de (pseudo)fruta banal, se na verdade é uma fruta extraordinária?

Por causa dela, o Criador não teve de alterar os planos do Mundo? Por causa dela, Guilherme Tell não se metia em apuros? Não há ainda uma cidade extraordinária, conhecida como a Big Apple?

Bem, parece que é mais fácil comer uma maçã do que salvar a humanidade!

A maçã carrega assim o anátema da injustiça humana: não a querem nem nas banquinhas da época.
 
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segunda-feira, maio 04, 2009
Vasco Granja 1925-2009


Foi ele que me apresentou à pantera cor de rosa, ao ursinho teddy e ao menino inventor. Um pouco de imperialismo cultural de leste que consumi em pequeno e que agradeço a Vasco Granja. As bandeiras dos trintões estão a meia haste. Até sempre.
 
Lavrado por Ice-device at segunda-feira, maio 04, 2009 | Permalink | 1 Comentários extraordinários
Suino
Um jogador mexicano ameaçou outro. Tudo normal. Com uma cotovelada? Não. Com uma entrada a pés juntos? Não. Ameaçou contagiá-lo com Gripe A. Nada como tossir e rasonhar-se para cima dos nossos inimigos. Saber mais.
 
Lavrado por Ice-device at segunda-feira, maio 04, 2009 | Permalink | 0 Comentários extraordinários
Coisas boas de Portugal (XLII)
Citânia de Briteiros (Guimarães). Tanto trambolhão e joelhos esmurrei, neste local, da Idade do Ferro. Ainda há uns anos era muito comum encontrar umas moedas pelo chão...
 
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