quinta-feira, agosto 14, 2008
Aprender Compensa
Ainda a propósito do espírito olímpico, dedicarei meia dúzia de linhas ao programa "Novas Oportunidades". Quem pensa que a iniciativa é uma aposta na qualificação dos Portugueses está redondamente enganado. Tudo não passa de um logro, de uma invenção perversa que terá efeitos arrasadores no bem-estar de todos, a longo prazo.
Com o alargamento a Leste, a União Europeia transformou-se num espaço de 27 Estados. Sabemos que os antigos satélites da antiga União Soviética herdaram muitos defeitos, mas algumas “boas” obras. A maior foi a formação e a exigência pedagógicas. Acontece que num panorama a 27, Portugal ia cair para a cauda da Europa no ranking dos países com as mais baixas qualificações. A solução acabou por ser desenhada por algum génio em S. Bento: oferecemos uma diploma aos cidadãos e a estatística será contrariada. A receita era simples e tinha pernas para andar: os fundos estruturais de Bruxelas.
O famoso QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional, para o período 2007-2013 -, está aí em marcha. Após 2013, senão antes, vamos olhar para o nosso passado recente e perguntar: para onde foram 18 MIL MILHÕES DE EUROS do último quadro comunitário de apoio? Na verdade, cada formador amealhou uns milhares de euros, os alunos adquiram formação fast-food, e um PC portátil, mesmo que em muitas escolas não haja papel para impressão, mesmo que continuem a não saber distinguir uma conjunção de uma locução. Certamente que há jovens e adultos que estão a aproveitar a experiência de voltar aos bancos de escola, mas esses constituirão uma minoria, longe dos objectivos de exigência que teoricamente se pretendiam do "Novas Oportunidades".
O que ocorrerá com as "Novas Oportunidades" irá multiplicar-se noutras áreas-chave: nas empresas, no ambiente, no desenvolvimento local,...
Não há volta a dar, pois não?
“Aprender compensa”, é o lema das “Novas Oportunidades”. Mas, afinal, o que aprendemos?
 
Lavrado por diesnox at quinta-feira, agosto 14, 2008 | Permalink |


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