sábado, maio 23, 2009
Botões
Se me lembrasse sobre o que tenho para dizer hoje, não estaria a aconselhar os meus botões. Dize-tu-direi-eu que é nestas tardes, com tanto vento para soltar, que me arranjo para a noite. Observo um cavalo ou cão que dou à corda e umas dúzias de canas nascidas em cascata. Misterioso é reparar que há quatro ramos de flores, rosas rosa e rosas amarelas, que florescem nesse jardim desprezado. Não fosse a tarde de sol que ainda não se foi, e as flores já teriam perdido a vaidade de se aguentarem na Primavera. E agora retiro-me, porque os botões já não aguentam mais conselhos. Aperto-os, sem rasgo nem carícia.

Quadro: Paul Gauguin, Arearea ("Joyeusetés").
 
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