sexta-feira, dezembro 11, 2009
Sermão às nuvens de Copenhaga
Os Estados Unidos da América e a China abusam do estatuto de potências incontestáveis, ignorando que o Planeta está a aquecer a um ritmo vertiginoso. Os países pobres, insulares e/ou com linha costeira são os primeiros afectados por uma política que privilegia tão-só o desenvolvimento selvagem. Os países ricos esquecem-se que há povos que não irão resistir ao egoísmo e à irracionalidade económica a longo prazo. Os países emergentes têm também a responsabilidade de proteger os recursos naturais da humanidade e contribuir para o esforço colectivo de redução das emissões de dióxido de carbono. Os estados ricos têm o dever moral de dar o exemplo na defesa da eficiência energética e ainda no auxílio sério às nações pobres. A comunidade científica pode vacilar sobre os reais efeitos das alterações climáticas, mas não pode censurar este simples facto: o Planeta, tal como o conhecemos, não é o mesmo. Concentramos num ipod mais tecnologia que toda a invenção dos últimos 500 anos. E tecnologia significa também produção proporcional de lixo e multiplicação de danos ambientais. Fingir que a devastação da floresta, a poluição dos mares, a emissão de gases com efeito estufa, a desertificação generalizada, o degelo polar, a destruição dos recursos fósseis, o desaparecimento de espécies, o caos no ordenamento do território, a desregulação do clima, o empobrecimento da biodiversidade são meras coincidências é, no mínimo, um atentado torpe e deliberado à inteligência humana. A evidência da realidade é nua e crua. Se não temos respeito pelas gerações futuras, saibamos, ao menos, dignificar os nossos antepassados. Herdámos deles um mundo para construir momentos de felicidade e de bem-estar e não podemos transmitir um cheque pré-datado de morte e de loucura.