«Isto é um beijo de despedida, seu cão. É pelas viúvas, órfãos e todos aqueles que mataste no Iraque». A frase é de Muntadar al-Zeidi, um jornalista, com frase de filósofo. Os sapatos também. Se Bush tivesse sido tão sensato como ágil em reflexos e, talvez, em vez de sapatos, recebesse flores. O que seria se a TV tivesse cheiro? Ou será que o repórter usa ácido bórico em palhetas?
Estou farto de ouvir pessoas a dizer "ah e tal o Natal perdeu o seu espírito, ah e tal as pessoas só querem é consumismo ah e tal."
Metam uma coisa na cabeça, o Natal é a festa mais maravilhosa do ano TAMBÉM porque implica tanto consumismo. Damos prendas, fazemos um sacrifício financeiro para ver sorrisos na cara de quem gostamos. As prendas são uma forma de dizer "amo-te". As famílias estão juntas, fazem-se votos de amizade e carinho e deseja-se que para o ano se esteja junto outra vez. O Natal é uma espécie de reset espiritual.
Por outro lado, durante este mês há campanhas de solidariedade para quem mais precisa e ninguém fica insensível a elas. Para mim, absolutos desconhecidos sorrirem no supermercado uns para os outros e desejarem "feliz natal" é o espírito natalício na sua mais simples expressão. E está muito bem assim.
Já agora, pelos vistos Jesus Cristo, nem sequer terá nascido em Dezembro. Mas isso são contas de outro rosário.
O Governo nacionalizou o BPN. Agiu com sensatez, salvaguardando os interesses dos Estado e de milhares de depositantes da classe média que iam sendo enganados por meia dúzia de artistas. A intervenção junto do BPP é, pelo contrário, inaceitável. Não por ir em auxílio de um dito banco de ricos, mas porque, anula todo um princípio de uma economia com depositantes livres: quem investe em produtos de alto risco deve estar preparado para ganhar…. e perder… dinheiro. Agora, sim, as indústrias do Vale do Ave, e tantas fábricas de zonas deprimidas de Portugal têm razões para pedir o seu quinhão. Estão a provocar-nos e ainda nos tomam por parvos. Mais: no que respeita às garantias bancárias, expliquem por que é que a banca – que reafirmava a sua solidez financeira – vai dar como contrapartida comissões muito baixas, em proporção com a taxa de juro que qualquer titular de um crédito pagaria face a um empréstimo que contraísse? Exempolo: o BES vai pagar 14 milhões/ano por uma garantia de 1,5 mil milhões (ou seja, 0,948%, um valor bem abaixo do que muitos spreads que por aí se praticam)? Badaró diria: Abreu, dá cá o meu?"
Uma última nota: o pacote de apoio à indústria automóvel é outro caso em que os jornalistas deviam, no mínimo, questionar Manuel Pinho. Porque vejamos: como se apoia um sector, quando o Orçamento de Estado aumenta os impostos sobre os automóveis - na compra e na circulação- e as deduções para o abate de veículos velhos são para inglês ver, já que apenas abrangem meia dúzia de carrinhos de baixa cilindrada?! Badaró responderia: "Jóia, não ligues bóia!"...
Admiravelmente fora de tempo. Kitsh até mais não poder. Mas parece que toca nalgum sítio no meu cérebro que me faz voltar a viver no tempo do Crocodilo Dundee. Numa altura em que não havia net, crise petrolífera ou estagiários a perguntar como se faz um índice automático. Apenas esperança, jogar à bola e olhos para a Carla Sofia. Let's live it up.