terça-feira, abril 21, 2009
Malditos pormenores
Abençoo-os num arredado momento de inteligibilidade; amaldiçoo-os na primeira pausa fortuita. Não sei se por defeito, se por vício assimilado, mas capto, com destreza, os pormenores. Contrariamente aos grandes planos, afastados, com os quais me ludibrio facilmente, com os pormenores cristalizo um certo modo de reservar para mim o mundo. O processo é semelhante à fotossíntese das plantas: sintetizo pela luz a minúcia e, et voilà, aí encontro estranhos nutrientes. Absorvo e disseco uma margem invisível dos elementos que me rodeiam, a sua marca, a sua origem, talvez, o seu significado. A isto darei o nome de foto-essência, propensão para focar a singular e frágil beleza do que me envolve. Não raras vezes preferiria que a realidade estivesse desvitalizada.
 
Lavrado por diesnox at terça-feira, abril 21, 2009 | Permalink |


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