quarta-feira, setembro 09, 2009
A máscara
Ao contrário do que repetem por todo o lado os politólogos e comentadores de serviço, Francisco Louçã é um inadaptado dos frente-a-frente televisivos. E é-o pela sua natureza ideológica. Mais cedo ou mais tarde, Louçã, o radicial revolucionário, traria à superfície a dificuldade em reunir em cadeia propostas políticas de forças tão díspares como a União Democrática Popular (de índole marxista), o Partido Socialista Revolucionário (de cariz trotskista mandelista) e a Política XXI.
Louçã não é capaz de lidar com a democracia. A sua máxima de consciência é simples: “Se eu chegasse ao poder, fuzilava-te, seu filho da mãe, e ainda nacionalizava a banca, os seguros e o sector da energia”. Sim, quer queiramos, quer não, é essa a verdade por detrás do economista mais perigoso que qualquer especulador da bolsa.
No Parlamento, nos debates quinzenais, as regras e os métodos de intervenção são distintos e, por isso, Louçã joga com eles a seu favor. Apregoa à exaustão casos polémicos, força “sound-bites” e “tiradas” preparadas para o momento, como se fosse um menino com uma fisga na mão com o bolso cheio de pedras afiadas. Todas as pedras e mentiras são válidas para os 30 segundos de câmara de televisão ou microfone de rádio e, por isso, normalmente, triunfa, é aclamado. Mas, num confronto taco-a-taco, as coisas podem ser diferentes, como se provou terça-feira à noite. Louçã iludiu-se com o presente da colagem do PS e da Mota Engil aos casos dos contentores de Alcântara e da auto-estrada em Oliveira de Azeméis. Iludiu-se, porque estes casos, por mais suspeitos que sejam, são trunfos insuficientes para aniquilar um adversário que preparou bem o jogo.
Não foi só a parafernália de incongruências fiscais que derrotaram Louçã, foi a sua arte manhosa e no pensar intolerante de uma esquerda construída por Lénine ou por Trotsky, que tantos milhões de vidas ceifaram no século passado. Estava arruinada a deixa das camas do hospital de Seia, porque a batalha televisiva já se encontrava perdida. E como em qualquer marxista que se preze, a mais-valia do BE, que é o alinhamento dos media em tudo o que o BE espirra, até no mais perfeito disparate, desta vez não foi o aliado que faltava para evitar a derrota do próprio Louçã.
 
Lavrado por diesnox at quarta-feira, setembro 09, 2009 | Permalink |


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