A ser verdade esta notícia do "Correio da Manhã", encontramo-nos num patamar mais grave que a Grécia. Alcançamos a escuridão total da caverna. E um país às escuras, comandado por poderes ocultos e tentaculares, é um país perigoso, tenebroso, a roçar o caos.
A greve é um direito legítimo dos trabalhadores. Não está em causa se os enfermeiros recorrem a ela como ultima ratio para promover o seu caderno de reivindicações. O que não posso aceitar é a história que esta manhã ouvi, na rádio. Um homem, há quatros dias internado num hospital, em preparação cirúrgica, foi despachado para casa, por causa da greve. Obviamente que as greves têm impacto e, por isso, é que são medidas extremas. Mas há limites, e o direito a uma intervenção cirúrgica - presumo que estar quatro dias internado a soro para vir ser operado aos intestinos seja motivo grave e urgente - devia assumir base legal, equiparável à segurança e ao funcionamento de certos serviços vitais (água, luz, transportes e telecomunicações). Não é assim que se dá credibilidade a uma geração de indivíduos com vínculos precários e sem perspectivas. O corporativismo sem rosto e perverso enfraquece a voz dos que merecem outro tratamento.
De certo modo, foi uma desilusão. Por causa das expectativas, é certo, mas "Avatar" é, com todo o rigor, um filme com um argumento pobre. São várias as mensagens explícitas ou implícitas (depende do olhar como vemos, afinal, a película). As quatro mais ou menos evidentes: o imperialismo que condena a própria civilização (e neste aspecto, a crítica à Guerra no Iraque é mais que óbvia – ainda bem!); o panteísmo semi-sensual e a necessidade de protecção da natureza (que esboça quase o ridículo, contrastando com a beleza de algumas espécies vegetais ficcionadas); a voluptuosidade e o amor supérfluo ao lucro selvagem, através do sacrifício dos bens naturais; e, finalmente, o credo a uma pseudometafísica mística, universal e sem substância (em torno de um árvore!). Se gostei do filme? Quase, mas mais pela banda sonora e efeitos especiais (os helicópteros futuristas, a robótica interactiva e o belicismo duro, mas longe do estilo Júlio Verne). Mas se quisermos, até os efeitos especiais são inconsistentes (pois não compreendo a utilização de sacos de dinamite em pó, no ano de 2154!). Há uma história de amor com narrativa? Não. Há mais um propósito forçado de criação de sentimentos entre seres distintos, para cativarem o espectador. Mas não colam... Desenganem-se, enfim, aqueles que pensam que há um cinema, antes e depois de "Avatar". Já vi filmes mais modestos marcarem a história do cinema. E com ideias simples, mas brilhantes. E este fica-se apenas pelo razoável.
Uma notícia como a do assassinato de um físico iraniano é sempre um destaque bombástico. A minha primeira impressão foi de uma simplicidade corrente: claro que teve o dedo de alguns serviços de inteligência internacional. Mossad? CIA?
Melhor: voltou a era da estratégia de eliminar os inimigos, antes que eles nos façam o mesmo. Será correcto? Será justo? O que sei é que sangue inocente é sempre derramado nestes casos proactiva e deliberadamente provocados. É tudo uma questão de sorte, ou de eficácia do temporizador… Por cá, dois bascos foram apanhados por razões suspeitas. É que andar com explosivos, relógios temporizadores, sensores de movimento, ampolas de mercúrio, botijas de gás de pressão, num veículo com matrícula francesa, constitui um cenário legítimo que os obrigue a conhecer as prisões portuguesas. Ou será que iam fazer bombinhas para vender no Carnaval?