O escrutínio (semi)público é imperdoável. A precipitação é irrepreensível. O absurdo é quase lei. Um estudante universitário muçulmano decidu apresentar uma participação contra o seu professor de Geografia, do Instituto Menéndez Tolosa, em Cádiz, porque o docente proferiu a afirmação – ingénua e natural – que o clima frio da região de Trevélez, em Granada, “favorece o processo de curar o presunto” (produto típico local, lá, como cá, e em tantas partes da Europa de herança cristã). A palavra perigosa foi o “presunto”, mas se fosse salpicão ou enchido de porco, a persistência do jovem teria sido a mesma: desfumada ou perigosa, rumo à esquadra? Que a Guarda Civil não perca tempo, porque as tradições ainda continuam a ser o que eram. Algumas. O jovem, que estuda em Espanha, tem que compreender que não há presuntos suspeitos. Há apenas civilizações diferentes. Eis um exemplo simples, não sei se da fadiga das aulas de Geografia, se do desnorte em relação à História.