segunda-feira, janeiro 17, 2011
Fernando Nobre, a mão invisível de Mário Soares
O mundo é um lugar injusto. Esse palco longínquo é o campo de Fernando Nobre: da injustiça, miséria, crueldade. Felizmente Portugal não é um campo de refugiados, mas já é um terreno fértil em desigualdades. Longe, ainda, de ser um campo de minas, pilhagens ou de cólera. Mas, sem dúvida, eira de atraso, novo-riquismo e mediocridade.
Quando penso em Fernando Nobre, como qualquer eleitor, associo-o à causa humanitária. O médico que larga tudo e abraça, com destemor, o Inferno na Terra. Desta vez, não existe o sentimento desprendido ao outro, mas uma missão programada, direccionada. Nobre está nesta campanha como a criatura que Mário Soares quis. Não um pau mandado, mas, literalmente, a personificação da vingança do fundador do PS, a Manuel Alegre. Tanto o autor moral – Soares – como o material – Nobre - querem retirar votos ao poeta, ou não fossem camaradas de um socialismo de saco de gatos. Todos lá dentro, para ver quem malha em quem. Com garras afiadas e olhos bem abertos.
A simplicidade da mensagem compensa, por vezes, o desconforto nervoso do candidato. É mais fácil salvar uma vida humana que enfrentar as câmaras, não é? Mas primeiro estranha-se, e depois Nobre entranha, absorve o meio. Devagarinho, de canto em canto mais familiar, de jantar em jantar intimista. É esse o trabalho que faz a formiga na lenda de La Fontaine.
O abraço ao "povo anónino" pode tornar-se numa surpresa no dia 23 de Janeiro, não ao ponto de ferir a reeleição de Cavaco Silva, mas de arranhar a vaidade de Alegre. Alcançar uma votação que supere todas as previsões dos estudos de sondagens, pode ser, no mínimo, uma ferroada para muitos. Sem dó nem misericórdia.
Pontuação final: 15 valores.
 
Lavrado por diesnox at segunda-feira, janeiro 17, 2011 | Permalink |


0 Comments: