sexta-feira, março 02, 2007
Bento

Não fazia a mínima ideia por onde andava Bento. Tal como todos os jogadores de carreira brilhante, Bento abandonara o campo de futebol, para viver a sua vida, sem bola.

Bento, a que associo ao melhor guarda-redes nacional de todos os tempos (e ele estava para o Benfica como Damas para o Sporting), morreu a 1 de Março, com o mesmo bigode de sempre, apenas mais aparado.

Alguém que tenha jogado à bola na meninice, nos anos 80, lembrar-se-á que ele era o maior na baliza. O melhor mesmo. E se qualquer um de nós fosse convidado para ir para a baliza – e ir para baliza significava quase sempre as sobras no jogo de equipa -, tinha de defender à Bento. Esforço impossível, que nem os joelhos arranhados comprovavam - raros eram os campos de relva, pois era moda os campos de «espiche».

Muitas vezes confundi os «vês» pelos «bês». Porque para mim só havia Bento, o do futebol. O vento, ar em movimento, era mais pequeno que Bento, o guarda-redes. Exagero, provavelmente. Irreversível, porém, é a sua partida. E Bento é mais que tudo uma brisa, uma espécie de vento próximo da superfície, que se agita rente às balizas. E só ficam mesmo as balizas. Descobertas.
 
Lavrado por diesnox at sexta-feira, março 02, 2007 | Permalink |


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