quarta-feira, janeiro 19, 2011
Manuel Alegre, o mais monárquico dos republicanos
Em 2006, Manuel Alegre obteve 20,72 por cento dos votos. Cinco anos depois, a questão impõe-se: conseguirá Alegre alcançar um resultado que o projecte para uma segunda volta ou, no pior cenário, suplante a votação de 2006? No primeiro caso, a resposta é liminarmente negativa. Quanto à segunda hipótese, tenho sérias reservas, até porque Fernando Nobre irá amealhar votos desse campo, e poderá roçar o segundo lugar.
A campanha de Alegre foi alimentada de um rol de casos forçados. Alegre quis ingenuamente minar a credibilidade de Cavaco, colando o professor de Finanças ao caso BPN. No entanto, o feitiço virou-se contra o feiticeiro e rapidamente as confusões direccionaram-se para o lado do poeta. Um texto publicitário para o BPP – e é curioso que os bancos acabem por dominar uma eleição que devia ser iminentemente política – foi a embrulhada mais marcante.
A colagem de Alegre ao PS é inevitável: é um militante do Largo do Rato, é, para o bem e para o mal, um dos cúmplices da governação que tem arruinado a pátria (substantivo tão caro a Alegre). Querer demarcar-se do que o PS faz, revela, não só falta de solidariedade, mas também um oportunismo descarado. Não é esta a ética que era suposto a República promover! Inquestionavelmente, foi deputado até 23 de Julho de 2009 e essa qualidade torna-o mais do que mero espectador da crise estrutural que nos assola: é um obreiro da desigualdade e da incompetência.
Pormenor político: antes sequer do apoio do PS, o conselheiro de Estado obteve o abraço fraterno do BE. Estranho que seja a força mais pequena a definir a estratégia do partido-mãe de Alegre e de dimensão superior. A estratégia de Sócrates – se é que alguma vez houve – passou a ficar condicionada a esta antecipação bloquista.
E chegamos ao ponto crucial: o homem. Quem é biograficamente Manuel Alegre? É uma produção by imprensa proto-chique e acéfala. Nunca soube desligar o poeta do político: o fazedor de letras é interessante; o pensador e político é banal.
Mais ainda: do ponto de vista humano, os seus genes dominantes são a vaidade, o snobismo, o narcisismo, a auto-adulação. Alegre é na acção o mais monárquico-aristocrata dos republicanos - nos gestos, na pose, no discurso.
Não adianta a dramatização: os eleitores vão querer penalizar o Governo e Manuel Alegre, bloquista, socialista - e independente, quando dá jeito -, vai levar uma vassourada. Que a poesia o ampare depois da anáfora eleitoral.
Pontuação final: 13 valores.
A campanha de Alegre foi alimentada de um rol de casos forçados. Alegre quis ingenuamente minar a credibilidade de Cavaco, colando o professor de Finanças ao caso BPN. No entanto, o feitiço virou-se contra o feiticeiro e rapidamente as confusões direccionaram-se para o lado do poeta. Um texto publicitário para o BPP – e é curioso que os bancos acabem por dominar uma eleição que devia ser iminentemente política – foi a embrulhada mais marcante.
A colagem de Alegre ao PS é inevitável: é um militante do Largo do Rato, é, para o bem e para o mal, um dos cúmplices da governação que tem arruinado a pátria (substantivo tão caro a Alegre). Querer demarcar-se do que o PS faz, revela, não só falta de solidariedade, mas também um oportunismo descarado. Não é esta a ética que era suposto a República promover! Inquestionavelmente, foi deputado até 23 de Julho de 2009 e essa qualidade torna-o mais do que mero espectador da crise estrutural que nos assola: é um obreiro da desigualdade e da incompetência.
Pormenor político: antes sequer do apoio do PS, o conselheiro de Estado obteve o abraço fraterno do BE. Estranho que seja a força mais pequena a definir a estratégia do partido-mãe de Alegre e de dimensão superior. A estratégia de Sócrates – se é que alguma vez houve – passou a ficar condicionada a esta antecipação bloquista.
E chegamos ao ponto crucial: o homem. Quem é biograficamente Manuel Alegre? É uma produção by imprensa proto-chique e acéfala. Nunca soube desligar o poeta do político: o fazedor de letras é interessante; o pensador e político é banal.
Mais ainda: do ponto de vista humano, os seus genes dominantes são a vaidade, o snobismo, o narcisismo, a auto-adulação. Alegre é na acção o mais monárquico-aristocrata dos republicanos - nos gestos, na pose, no discurso.
Não adianta a dramatização: os eleitores vão querer penalizar o Governo e Manuel Alegre, bloquista, socialista - e independente, quando dá jeito -, vai levar uma vassourada. Que a poesia o ampare depois da anáfora eleitoral.
Pontuação final: 13 valores.
Lavrado por diesnox at quarta-feira, janeiro 19, 2011 | Permalink |
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