segunda-feira, fevereiro 28, 2011
1341000000
A China é um colosso demográfico. O Gabinete Nacional de Estatísticas da China anunciou que a população chinesa atingiu os 1341 milhões de pessoas em 2010. Corresponde quase ao dobro de habitantes da Europa (731 milhões) ou a sete vezes mais que a população brasileira (192 milhões). Quem tem dúvidas que a China vai inaugurar uma nova era na ordem mundial, pode, desde já, cingir-se aos números ... 1341000000.
 
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quarta-feira, fevereiro 23, 2011
É disto que o país precisava...
Um autocarro para levar o XVIII Governo Constitucional...
Resta-nos, por enquanto, dar uma volta pela propaganda.
 
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segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Mar Mediterrâneo
O filho de Kadhafi bem pode dirigir ameaças subtis ou apresentar uma versão pessoal do número de vítimas, porém, a revolução é inevitável. Kadhafi e a família podem deslocar a sua tenda para outra paragem que, desta vez, o fim do clã está próximo. A Líbia tem agora pela frente o seu momento, a sua recriação histórica. Resta saber, se saberá criar a oportunidade ou o caos.
Nem nos apercebemos, mas também integramos geograficamente a região do mar no meio de terras. E isso é mais que uma dieta regional. Por este andar, tal é a avalanche de revoluções, vem aí a era da primeira Guerra Fria do Mediterrâneo. Portugal não poderá fingir que não há problema. É como se acordássemos numa bela manhã, e a nossa casa estivesse rodeada dos bairros mais problemáticos da cidade. E sem sabermos o que fazer.
Para os pensadores da geopolítica, institutos de relações internacionais e serviços de informações e segurança, não adianta falar em mundo árabe, porque o planeta é só um: de cristãos, muçulmanos, hindus, budistas, agnósticos, ateus ou outros. Mundo árabe é relativizar, assegurar-nos que eles têm um problema e nós estamos a salvo. Estamos?
Um Plano Marshall pode ser o princípio para a normalização local e integração global, mas sem esquecermos duas premissas básicas: não estamos no pós-guerra - porque os conflitos (ainda) nem começaram - e a identidade desses estados é distinta da herança judaico-cristã, dessa Europa, terra onde pelo menos, a Tolerância e a
separação Igreja/Estado levam alguns séculos de avanço. Contágio da Revolução de Jasmim, sonho ou pesadelo?
 
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sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Negócio da China
De qualidade duvidosa, desactualizadas, e mesmo assim a PSP decidiu comprá-las. Não sei para que servirão: se para a nossa segurança, se para decorar as mãos dos suspeitos e criminosos.
Fazendo as contas: 14 mil a 12 euros o par é igual a 168 mil euros, directamente atirados para a sucata. Depois queixem-se que há tanto ladrão à solta que troça com a cara do agente da polícia e ridiculariza o bonus pater familias...
Depois das algemas, o que virá: fisgas, pistolas de água, carros de bóis...?
 
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quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Geração que pode mudar
Qualificação
Esta não é a geração mais qualificada de sempre da história portuguesa (pelo menos qualitativamente). Ter acesso à escola ou à universidade – e isso, é um avanço - não é sinónimo de boa preparação. O saber não advém apenas do contacto livresco. Há cursos que fornecem uma mão cheia de nada. O que se passou também com o Processo Bolonha acelerou um problema estrutural: licenciaturas com três anos equivalem a licenciaturas de cinco? Ou seja, aumentaram-se os índices de escolarização - de que é notável exemplo o Novas Oportunidades - para melhorar as estatísticas e de estatísticas, infelizmente, estão os centros de emprego cheios…

Ensino
O sistema de ensino está completamente afastado da realidade. Cada distrito vendeu a promessa de ter uma fábrica de enchidos, perdão, uma escola superior. E a promessa cumpriu-se: abriram-se escolas por todo o lado, criaram-se centenas de cursos, muitas vezes sequer sem o reconhecimento profissional e certificação que se lhes exigia. E agora, há um problema sério: o que fazer com tanto curso e tanta escola, numa altura em que a população escolar está a acompanhar o decréscimo da população em geral?

Mercado de trabalho
Não há empresas em proporção à massa licenciada, a iniciativa privada é escassa. Em teoria, só as organizações conseguem absorver as fornadas de licenciados que todos anos saem das faculdades. Por isso, cada qual terá um de dois caminhos: lança-se por conta e risco ou emigra. E não se pense que é o Estado ou a própria universidade que tem de garantir um posto de trabalho para o licenciado, pós-graduado, mestrado ou doutorado.

A geração
Não partilho nada da conclusão precipitada de que esta geração e as próximas vão ser mais pobres que a dos nossos pais. Esse cenário só ocorrerá se nada for feito: se o Estado continuar a financiar cursos sem saídas profissionais; se as universidades não arrumarem a sua própria casa e não fizerem uma selecção criteriosa dos recursos pedagógicos; se os empresários mantiverem essa mentalidade assente nos baixos salários e pouco na criatividade, estímulo e inovação. Os jovens não podem simplesmente desistir e esperar que as coisas aconteçam. É importante que cada um faça a sua análise sobre o futuro: o trabalho, não descurando o estudo, é a melhor arma para atingir o sucesso, o bem-estar. As pessoas esquecem-se facilmente, mas a geração dos nossos pais passou muitas dificuldades, porque Portugal já era um país atrasado, mal gerido e de mentalidade arcaica. Os jovens precisam de se convencer que só eles é que podem mudar o rumo das suas vidas, em vez de se preocuparem com as aparências (as roupas, os carros, as férias… dos outros). É ainda uma questão de prioridades: sermos felizes pode ser também uma escolha, não um propósito. Quando ouço frases como “matei a cabeça a estudar durante 3 anos”, percebo rapidamente por que é que os chineses e os indianos vão chegar ao topo. E se não quisermos ir mais longe, podemos ficar pela Alemanha, que é um exemplo europeu. O alemão é organizado (no método), pontual (cumpre ao minuto), despreocupado (não se enche de galões só porque tem um “canudo”), informal (o fato macaco é tão respeitável como o fato e gravata). E nós, vamos ser o povo da geração que ouve os Deolinda e chora porque "para ser escravo é preciso estudar", e não pensou no valor real dos 50 euros que deu pelo bilhete para assistir ao concerto?
 
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domingo, fevereiro 13, 2011
Discurso de base zero
Luís Amado pretendia um orçamento de base zero. Mas o episódio que envolveu o homólogo indiano é, no mínimo, um caso de discurso de base zero. Ora vejamos: SM Krishna, o chefe da diplomacia da Índia, leu durante três minutos - tempo suficiente para fazer uma declaração amistosa, ou um aviso de guerra - a intervenção de Luís Amado, durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sexta-feira, 11 de Fevereiro, em Nova Iorque.

A gaffe original prova duas coisas: que SM Krishna sabe tanto de retórica como certos diplomatas sabem de vida real; e que assumir a responsabilidade de representar um povo é mais do que o gesto mecânico de ler textos fabricados por outros, ou o ridículo pode acontecer. E acontece.

Fonte: DN.


 
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terça-feira, fevereiro 08, 2011
O que fazer com esta Justiça?
A Justiça bateu fundo.
Não há Justiça em Portugal.
Não funciona.

Não serve.
Quando age, é uma obra incompreensível para os cidadãos.
Juízes há que gostam de aparecer.
Advogados existem para alimentar polémicas, amealhar clientes.
Morreu o trabalho sério e discreto.
Temos muitos actores, de carreira, que olham para os holofotes e não fazem o mais importante: julgar, defender, agilizar, no respeito pela lei.
A Justiça não é cega, nunca foi surda e muito menos será muda.
O Ministério Público é uma coisa estranha.
Pinto Monteiro é a rainha de Inglaterra (dixit).
A Ordem dos Advogados é um enchido seco.
O Supremo é errático.
O Tribunal Constitucional é um aparelho - que redundará na extinção.
Já não se faz Justiça em Portugal.
Tomam-se decisões inaceitáveis.
Acumulam-se processos.
O bom senso e a responsabilidade escasseiam.
...
O que fazer com esta Justiça?

[Quando o Ministério Público decide acusar o advogado Ricardo Sá Fernandes por “gravação ilícita”, num caso em que o patrono quis pôr a nu um caso de alegada corrupção, a Justiça acaba por dar um golpe profundo, no seu corpus, e, sobretudo, na sua dignitas. Querem acreditar nesta Justiça?]
Estátua: Eurico, rei dos visigodos.
 
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Avozinha corajosa


Northampton, Inglaterra. Um gangue assalta uma ourivesaria. Uma senhora, corajosa, age com o que tem à mão: uma mala do dia-a-dia.
Actos como este nem sempre correm bem, porque violam as regras da situação. Mas a avozinha, de garras afiadas, fez o que meio mundo ignorou. Medalha da cidade, já! E de ouro 19,2 quilates.
 
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sexta-feira, fevereiro 04, 2011
Sorri-se nas Viagens na minha terra

Não me lembro de uma iniciativa radiofónica tão - como devo caracterizá-la - pãozinho sem sal, dandy. Já sorriu? Olhe para o lado e esboce um sorriso Danone. Gratuito? Forçado? Vá lá, o Carnaval está próximo, a telefonia sugere: sorria para o mundo, para janela, para si próprio. E onde pára o civismo? Sorrimos e desatamos em infringir as regras do código da estrada... Às 8h00, às 9h00, alguns segundos, que ideia mais sorridente para um dia de sol. Podiam ter-nos lembrado que Almeida Garrett nasceu a 4 de Fevereiro de 1799 - data que a Google decidiu celebrar - oh, sem dúvida, mais poético. Sorrimos, mas escapa-nos a beleza dos pormenores.
 
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quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Lá no Delta do Nilo
Todos os homens têm um tempo. Políticos, generais e líderes locais não são excepção. Existe um modelo chamado Democracia, que permite decidir a qualidade e duração dos poderes. Mesmo uma democracia musculada, com ou sem anabolizantes, acaba, mais tarde ou mais cedo por definhar. A pobreza, a corrupção, a impossibilidade de escolha e as desigualdades acabam por atrofiar os músculos de um sistema que corre para o envelhecimento. Para um fim e para um outro começo.
Apesar de abrupto e acelerado, o Ocidente não quis compreender este previsível desfecho. Décadas a mais de olhos propositadamente fechados. O Ocidente agora fica na dúvida: o que aí vem pode ser pior do que lá está? Pode, claro. As revoluções têm sempre uma dose de incerteza: umas vezes dá ao povo uma saída moderna e de oportunidade, outras vezes desemboca no recuo em direitos e na intolerância de posições. Podemos falar em fundamentalismo islâmico ou noutro extremo bem desagradável, porém, o Egipto é mais que Sharm el Sheikh ou as pirâmides para turista ocidental ver e visitar. Se até o Nilo galga as margens, o que esperar de um povo que deixou de aguentar com um torniquete e colete de forças à sua volta?
Oxalá a diplomacia ocidental tenha um plano B para lidar com o futuro dos egípcios. Não porque os depósitos dos nossos carros dependam disso, mas porque o Médio Oriente, esse lugar de confusão constante, não pode viver com mais pólvora do que aquela que já estamos habituados. Para Israel, para a região, e já, agora, para o mundo, a paz depende desse plano. Hosni Mubarak está a dias, mas nós, nem a saída de emergência sabemos se existe.
 
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