quinta-feira, março 10, 2011
Cubo de Rubik
Quem esteve atento, poderia ter tirado as suas conclusões iniciais: a verdade é que a moção de censura veio um dia antes, na quarta-feira, e não na quinta. E pela voz do Presidente da República.
Cavaco Silva não fez umas meras considerações semânticas ou deambulações discursivas: fez afirmações de uma dureza e rigor assinaláveis, independentemente de pensarmos que Cavaco também cometeu erros no passado e de desejarmos mais exigência na bondosa cooperação institucional.
Preparemo-nos, pois, para o que aí vem, porque a estabilidade política não é necessariamente um bem absoluto. Pode simplesmente tornar-se um instrumento menor, perante outras prioridades. É suposto Portugal estar acima dos governos. E é mais fácil convocar o povo para a legitimação consciente do que deixar o curso trágico dos acontecimentos persistir em estado de negação patológica persistente.
Cavaco fez o que tinha a fazer. “Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam”, apelo inaudito para caos maldito. Foi ao púlpito e depositou esperança num Portugal melhor. E agora cabe aos agentes sábios, órgãos de soberania incluídos, cumprir com as suas responsabilidades.
A “magistratura activa” vai tornar-se na vassourada final do que resta de um punhado de pessoas que tentam desesperadamente fazer o cubo de Rubik. Um quebra-cabeças real e com marcas difíceis para muitos anos.
No bolso e nas almas das massas.
 
Lavrado por diesnox at quinta-feira, março 10, 2011 | Permalink |


1 Comments:


At 12:54 da tarde, Anonymous Luis

Um discurso ressabiado do candidato que foi apoiado pelas mesmas forças/interesses contra os quais se devia dirigir a revolta a que apelou.