Gosto dos Gregos. Um povo que nos deixou uma das mais belas e criativas heranças: no pensamento, estética, artes e ciência. Muito do avanço que a humanidade conheceu, deve-se às cidades-Estado helénicas. Permanece, na história, nos costumes, nos livros, nos mitos e no quotidiano, o seu modo ousado e dedicado de compreender o ser e o mundo.
No ano de 2011, a Grécia, parte integrante da União Europeia e da Zona Euro, depara-se com um problema sério, do qual só se lhes podemos imputar uma parcela da responsabilidade. A atenuante em relação ao prevaricador é explicada do seguinte modo: os Gregos esconderam o real estado das suas contas (alimentando um estilo de vida insustentável), mas toda a Europa suspeitava, ou sabia, preferindo fechar os olhos, sobre as contas manipuladas, marteladas, de Atenas.
Será, assim, que os Gregos merecem ser expulsos da Zona Euro? Não. E não apenas pelo efeito contágio a Portugal e Irlanda, mas porque a Europa, ao decidir abandonar os Gregos, estará, a prazo, a condenar o projecto europeu.
A Europa merecia outros líderes. Interessa-me saber por que estão a destruir um projecto que levou meio século a cimentar, e agora graças ao egoísmo franco-alemão e à tentativa de germanização de Merkel, caminhamos para um continente isolado, sem rumo, sem ideias.
A inversão de interesses, a ausência de valores, respostas e de solidariedade estão definitivamente a derrubar a casa de Schuman, Delors e Monet, Adenauer, Hallstein, De Gasperi, Spaak e outros estadistas de uma Europa coesa, pacífica, solidária e pujante. E os Gregos serão a primeira vítima? Ao contrário do que defende Paul Krugman, a Europa vive já num “mundo imaginário da confiança”. E cruel, temível e terrível!