sábado, junho 11, 2011
Os discursos do 10 de Junho e a Constituição

Os discursos do 10 de Junho são receitas de culinária velhas, gastas e enfadonhas. Não trazem nem “gosto” nem “estética” arrebatadoras. São, infelizmente, e cada vez mais, a celebração do dia de um Portugal falido e descerebrado. Quando falam em “orgulho” – sentimento vago e vazio – por Portugal, não sei do que falam. Prefiro antes amor ao que resta de uma nação desencontrada e com tamanha multidão equivocada. Pensar, por exemplo, que a Constituição é mais um mal que nos bloqueia é falhar redondamente no alvo, desconsiderando o que somos. Desde 2 de Abril de 1976 que já fizemos sete revisões constitucionais. SETE. E será que a oitava vai tirar-nos do buraco? Podemos obviamente actualizar o texto constitucional e aproximá-lo de um tempo veloz e exigente, mas não será esse o caminho essencial para sairmos da tragédia. Por exemplo, para que a Justiça funcione é preciso combater, de uma vez por todas, o corporativismo e o pedestal das classes envolvidas, simplificar as leis mal redigidas e confusas, reduzir prazos, baixar os custos - só há Justiça quando todos podem acedê-la como um direito fundamental -, e sobrepor a substância das decisões sobre os mecanismos processuais (basta ver em tantos casos por que se safam os prevaricadores). E talvez aí consigamos chegar a algum porto seguro. Antes do próximo 10 de Junho.
 
Lavrado por diesnox at sábado, junho 11, 2011 | Permalink |


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