Há algum tempo atrás, se algum ministro tivesse dito o que o ministro Manuel Pinho confidenciou na China, já tinha caído o Carmo e a Trindade. Das duas uma: ou o homem é ingénuo, ou então tem mesmo orgulho que o seu país seja «competitivo» pela via dos baixos salários. No íntimo, qualquer cidadão nacional, ou da Europa a 25, sabe que Portugal é (ainda) economicamente interessante, porque os salários são muito mais baixos que na União Europeia desenvolvida. Agora, a milhares de quilómetros de distância, admitir semelhante facto, como se isso fosse motivo de orgulho, isso é, no mínimo, mais um disparate do titular da Economia, que pode um dia confirmar-se como o governante do «erro de casting», ou dos «baixos salários», autêntico «Pearl-Man».

E para que não nos esqueçamos, fica aqui o registo da pérola: «Portugal é um país competitivo em termos de custos salariais. Os custos salariais são mais baixos do que a média dos países da União Europeia e a pressão para a sua subida é muito menor do que nos países do alargamento», Manuel Pinho, discursando na abertura do Fórum de Cooperação Empresarial Portugal China 2007, em Pequim, perante uma plateia de empresários, 31 de Janeiro, ano da graça de 2007 (ano do porco, no horóscopo chinês).