domingo, março 13, 2011
12 de Março
Há qualquer coisa que me escapa, mas… Nos protestos de 12 de Março, o que vi foi de bradar aos céus, assustador: uma excêntrica que cantava a Desfolhada no Porto; uma licenciada em Direito - que, na afirmação da própria, estudara na melhor faculdade do país - a pedir um direito para os heterossexuais (sim, para os hetero, e discorria sobre Constituição como quem estripa um coelho); uma licenciada em fotografia, do Porto, que já prometeu emigrar para a Alemanha (para quê perder tempo, quando ainda anda por estes "planos"); um grupo de jovens, em Faro, que desfilava com cervejas na mão, porque as mini conferem mais credibilidade ao momento; um tontinho em Lisboa, que falava como um “rapper” e queria mudar tudo, não sabendo apontar um único ponto em particular sobre os seus sonhos ou angústias (nitidamente sob efeito de drogas); e mais um com dois telemóveis nas mãos, porque jovem que é jovem tem de estar alinhado com as tecnologias (e os pais que alimentem o consumo e a futilidade); e, no Campo Pequeno, uma manifestação de professores (de um corporativismo inqualificável, quando não podemos misturar professores de duas gerações, entre uma que goza de remunerações chorudas e outra barbaramente desprezada).
Com estas imagens, fiquei ainda vez mais convencido: é com estas pessoas que querem mudar o estado das vossas vidas? É com manifestos "trotskistas" que pretendem mais bem-estar (igualdade em quê)? É com a anarquia da esquerda de pacote que almejam mudar a sociedade e fazer política? Experimentem ir à Roménia ou à Hungria e terão o contacto com o que fizeram as teorias de Marx e Lénine…
No fim, há mais uma pergunta que não posso deixar de fazer: quantos é que dos 200 ou 300 mil que foram à rua votaram uma, duas vezes, em Sócrates, ou nem sequer costuma participar em actos eleitorais, e com essas opções, acabaram por claudicar o seu futuro? Quinze anos perdidos. Os festivais de Verão seguem dentro em breve. Continuem no circo.


Nota bem: Evidentemente que milhares de jovens merecem uma oportunidade e uma vida melhor. Esses devem, por isso, indignar-se, não apenas a 12 de Março, mas todos os dias. Mas não se deixem contaminar pelo lixo ideário que desacredita as vossas preocupações.
 
Lavrado por diesnox at domingo, março 13, 2011 | Permalink |


1 Comments:


At 9:15 da tarde, Anonymous Luis

Parece-me que o grande problema desta manifestação consiste precisamente na infiltração de geração rasca no seio da geração à rasca. Refiro-me à multiplicidade de indivíduos reaccionários que tendo tirado licenciaturas (os que tiraram) que não tinham, logo à partida, qualquer saída profissional (seja por falta de procura pelo mercado de trabalho, seja porque não se deram ao trabalho de atingirem a excelência na média, e passaram o curso a beber e fumar brocas, perdoe-se-me a sinceridade), ainda se arrogam o direito de exigir empregos do Estado. Sim, empregos, porque a geração rasca deste país não quer trabalhos, quer empregos...