quarta-feira, outubro 18, 2006
Rica vida

A factura da electricidade vai aumentar. Os clientes domésticos podem começar as fazer as contas. No mínimo, e dependendo da potência do contador, 15,7% é quanto vamos ter de desembolsar a partir do próximo ano. Para o secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, a «culpa» é do consumidor, porque esteve vários anos a pagar menos do que devia. Menos do que devia, senhor doutor Castro Guerra, ora essa?

O Orçamento de Estado - o documento que tira o sono a todos os ministros das Finanças e deixa com insónias milhares de cidadãos - prevê também um aumento nos combustíveis, na ordem dos 2,5 euros. [Esqueçamos por momentos a especulação da OPEP, a cotação do crude nos mercados mundiais, e o cartel nacional do ouro negro – Galp/BP/Repsol].

Por seu turno, os solteiros estão em maus lençóis (quase literalmente). Ou se casam à força, ou já não compensa ser príncipe ou donzela de afectos não-contratualizados. Os contribuintes solteiros são equiparados aos casados, em matéria de dedução em sede de IRS. A dedução passará a ser uniforme, de 55%. Nas entrelinhas do ministro Teixeira dos Santos, quase que ouvi um bom pregador discorrendo sobre a necessidade de proteger a família e os contribuintes casados. Ora, os mesmos que hoje fazem a apologia da família são os mesmos que mais daqui a umas semanas vão fazer campanha pelo aborto. Curioso…

Os deficientes não podiam ficar de fora e também levam uma penalização. Coisa pouca! Não lhes bastam certas agruras da vida e as incapacidades determinadas por doutas juntas médicas que agora perderam certos benefícios fiscais.

Os pensionistas com reformas acima dos 435 euros mensais que se cuidem: a tributação foi-lhes também agravada. Nada de darem muitas prendas aos netos, ou de os deixarem ver muitos episódios do Noddy, horas a fio no canal Panda, que a publicidade pode enlouquecer a cabeça dos miúdos.

Na Saúde, além da taxa de 5 euros por cada dia de internamento (até a um máximo de 10 dias), desce a comparticipação com medicamentos em 5%. As cirurgias – para quem se atrever a aguardar uns meses nas listas de espera – vão ter também um custo de 10 euros.



E podemos ficar por aqui, porque lá para o Natal, quando o bacalhau da Noruega estiver esgotado, saberemos com que linhas nos havemos de coser em 2007.
 
Lavrado por diesnox at quarta-feira, outubro 18, 2006 | Permalink |


2 Comments:


At 2:32 da tarde, Anonymous Anónimo

Acho que já vi este clima aqui há un anos, nos últimos tempos do nosso presidente da República, no governo... será isto o princípio do fim do Sócrates?

 

At 12:21 da tarde, Blogger Sara

A partir de agora vou passar a iluminar a casa e aquecer-me com velas, vou-me casar e não mais ficarei doente. Vamos ver quem ganha. :S