terça-feira, dezembro 12, 2006
Misericórdia?
Augusto Pinochet é cremado Terça-feira. 91 anos de vida e um ataque cardíaco no Domingo pôs termo ao coração do homem, que durante duas décadas orientou o assassínio de três mil pessoas. Não há contemplações para actos de barbaridade. Para os milhares que quiseram dizer um último adeus, é bom que meditem sobre a herança do general. Não me interessa que o Chile seja um estado desenvolvido, se foi de sangue que se fez o crescimento económico do país. Para a esquerda, não é com champanhe que se comemora a morte de Pinochet, quando, bem ao lado, coabitam regimes onde também se mata, se persegue e se reprime em silêncio. Nos Chiles de Pinochet e nas Cubas deste mundo, o castigo para os criminosos é mesmo: o não-esquecimento.
Pinochet desempenhou perfeitamente aquilo a que se chama "raison d'état" inventado por Maquiavel e Richelieu em que a coesão do estado está acima dos direitos individuais. Se ele tivesse vivido há 200 anos seria um herói. Como viveu e governou no final do sec XX é um sanguinário.
Foi-o de certo modo. Mas tirou o chile da mais absoluta pobreza e esse legado ninguém lhe pode negar.
Já agora, a esquerda que festeja na rua a morte de um velho de 91 anos, por muito tirano que possa ter sido, coloca-se ao seu nível e esquece-se que as ditaduras de esquerda são igualmente crueis. Basta ver o que se passa em cuba na coreia ou em países africanos.
A única forma de respeitar a morte das vítimas do regime seria o silêncio ou a justiça. Como não houve justiça, que houvesse silêncio.