quarta-feira, abril 11, 2007
Salada russa em Portugal
Na Rússia, quando há crises económicas, as pessoas correm para as datchas semear batatas. Em Portugal, quando há crises económicas as pessoas contentam-se com a cantiga soarista de que é preciso apertar o cinto.

Na Europa de cidadãos activos, quando há crises políticas, as pessoas protestam, nas ruas, em todos os cantos. Em Portugal, no turbilhão das crises políticas, as pessoas preferem assobiar para o lado, fingindo que nada se passa, que nada vai mudar (honrosa excepção à moda dos fóruns mediáticos de discussão).

Lembram-se o que aconteceu a um Governo quando um ministro levantou o dedo contra os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI? Lembram-se as consequências da tentativa de favorecimento de um ministro de um Governo à filha de um ministro, para entrar numa faculdade de medicina?

E agora, quando um primeiro-ministro ousou telefonar para o director de uma rádio, ameaçando com o encerramento da estação, com processos judiciais e pedidos de desculpas públicas, o que se pode democraticamente exigir?

José Sócrates bem pode exibir os certificados e comprovativos de qualificações que quiser logo à noite. Na qualidade de cidadão-eleitor, o que quero saber é muito simples: Que relação houve entre o PS e a UnI? Que relação manteve com o reitor Luiz Arouca? Conheceu alguma vez o professor que lhe ministrou e avaliou nas quatro das cinco cadeiras para obter o diploma? O que pensa do facto de esse professor ter sido adjunto no Ministério da Administração Interna? O envio de um fax com papel timbrado da secretaria de Estado do Ambiente foi um lapso seu, falta de zelo, ou o quê exactamente? A quem atribui a responsabilidade de todos os imbróglios no processo da licenciatura? Que razões motivaram as suas ameaças combinadas depois com o seu silêncio? Acha correcto fazer ameaças aos directores dós órgãos de comunicação social?

Nenhuma central de comunicação o safará da necessidade de todos nós em sabermos a verdade. Mais que um governo para governar, ou de um executivo para conduzir a presidência da União Europeia no segundo semestre de 2007, o país precisa, no seu conjunto, de um primeiro-ministro verdadeiro face à sua história de vida.
 
Lavrado por diesnox at quarta-feira, abril 11, 2007 | Permalink |


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