quarta-feira, junho 03, 2009
Meia hora antes
Sento-me em bancos expulsos de algum jardim, onde não há flores, paira só fumo invisível ventilado pelas cabeças que esmiúçam leis reais e uma Justiça aparente, passeio-me pelos corredores com chão em mármore do Estado Novo, verde, e há secretárias de madeira, com pés de cobre, ou latão, pelo menos uma é assim,- presumo que para evitar a oxidação apressada das limpezas programadas ao pó legal,- e nas paredes brancas assentam janelas de alumínio descaracterizado, e entra luz para todos os gostos, quando há sol e havia ontem. Uma meia hora de alheamento, encontro objectos que hibernam até lhes darmos atenção, e deixo-me envolver pelo espaço que é, não me demovo, e é assim, meia hora antes de uma prova, que pode dar para interpretações diversas.

Quadro: Jacques Villon, Femme à la cruche.
 
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