Fazem-se apostas para saber quais serão os resultados das eleições legislativas de 2011. Como não sou um apostador de lotarias, direi apenas que no próximo Domingo começa uma nova era na política em Portugal. Uns saem de cena, outros iniciam um novo projecto, em tempos verdadeiramente exigentes.
Parece incontornável: José Sócrates estará de saída: do Governo, do PS e da ribalta. Terá pela frente a sua travessia no deserto e terá mais tempo para saborear notícias que encherão as primeiras páginas dos jornais. E o PS terá que encontrar um novo secretário-geral: ou Seguro ou Assis, o homem que se segue.
Francisco Louçã poderá provar, pela segunda vez, o veneno da derrota amarga (a primeira, foi nas Presidenciais). O BE poderá procurar um novo coordenador, ou até reeleger o professor do ISEG. Certa, é a trajectória descendente do “cluster” ideológico "trotskista", com vantagem para a corrente miguel-portista.
Jerónimo Sousa poderá segurar a foice e o martelo com o mesmo pulso com que controla o comité central do PCP. Sem que lhe tirem o bife do lombo!
Paulo Portas poderá chegar aos 12 por cento, e, no mínimo, confirmar que é um dos mais bem sucedidos líderes políticos do Portugal democrático.
Pedro Passos Coelho será o líder do XIX Governo Constitucional e Primeiro-Ministro de Portugal. Por mérito próprio.
Vote em consciência, sim, com a noção de é solidariamente responsável com o destino dos acontecimentos políticos, económicos e sociais de Portugal para os próximos dez anos.
Podemos fazer as apostas que quisermos, mas não podemos desperdiçar a oportunidade única de sairmos da bancarrota e de voltarmos à Razão.
Por uma vez na vida, concordo com o bastonário da Ordem dos Advogados. A aplicação da medida de coacção mais grave à alegada agressora de uma rapariga e alegado autor de um vídeo publicado no youtube constitui uma decisão desproporcionada, direi antes, bárbara e protomedieval. Merecem uma punição os autores, sem dúvida, mas não encontro motivos substanciais e concretos que justifiquem a prisão preventiva.
Cada vez menos me surpreende um sistema judicial que há muito está falido, em estado avançado de bancarrota ético-jurídica. Os adolescentes ainda vão a tempo da recuperação social, mais do que um criminoso de sangue. Fazê-los aguardar entre grades, face à "especial perversidade e censurabilidade" fundamentada pelo magistrado é, para mim, uma opção errada e contrária a um modelo que deveria ater-se mais na lei do que à convicção de um juiz.
Um dia teremos de repensar e de refazer as leis e a sua aplicação imediata. Um dia muito breve. E para que servem as prisões? Para darem uma lição a ainda adolescentes e delinquentes, ou para acolherem os verdadeiros criminosos que pululam o Estado de Direito?