Voto não porque recuso o argumento de que a mulher é que tem poder para decidir. Tem poder para decidir sobre o seu corpo, sim, mas um filho tem um corpo próprio, ainda que dependa dela.
Voto não porque recuso o argumento de problemas financeiros e psicológicos para não ter um filho. Parece-me mesquinho não deixar nascer uma pessoa só porque não temos dinheiro suficiente. Há apoios do estado ainda que pudessem ser melhores. A vida muda tanto que podemos passar de pobres a ricos e de ricos a pobres em menos de nada. As questões psicológicas resolvem-se com um psicólogo, e muitas vezes, com a chegada do filho. Esses pretextos são para mim a solução mais fácil e menos responsabilizadora.
Voto não, porque não aceito que me digam que sou retrógrado, fascista, ignorante e coisas do género, só porque tenho esta posição. Esse ataque fácil, também ele intolerante de quem normalmente se acha arauto da tolerancia é no mínimo ridículo.
Voto não porque não aceito que o "sim" seja o forçoso caminho da "civilização" europeia. Dizem que todos os paises da europa já liberalizaram e não sei o quê, mas também todos os paises da europa têm centrais nucleares e nós não. Fazer só porque os outros fazem não é razão.
Voto não porque não aceito o argumento que se vai acabar com o aborto clandestino. Ele vai continuar a existir. E o número de abortos vai aumentar exponencialmente.
Voto não, porque já trabalhei com crianças em dificuldades, órfãs, filhas de pais alcoolicos, drogados e violentos. Foram ajudados por familiares, por amigos, ou por totais deconhecidos, através da Segurança Social. Todas aquelas crianças tinham todas as razões para terem sido abortadas. Por qualquer razão não foram e cresceram felizes. E também elas são o nosso futuro.
Apesar de votar não, não o faço pelas mesmas razões que a Igreja preconiza. Detesto o populismo do meu lado. Fotografias de fetos mortos, acusar quem faz abortos de assassinos a torto e a direito, etc, etc. Voto não por convicção apesar de não ter resposta para muitas das questões que o outro lado levanta, nomeadamente sobre a prisão das mulheres, sobre o facto de termos uma lei que não se cumpre em matéria de penas, e de por exemplo ser muito dificil lidar com uma gravidez de uma menina de 15 anos.
At 2:33 da tarde, Sara
At 2:37 da tarde,
eu voto sim....não por concordar que a vida seja retirada a alguém que não pediu sequer para ser concebido,mas porque,queiramos ou não,a ESCOLHA É DA MULHER,porque é ela que tem dentro de si uma vida a desenvolver-se,é ela que sente,é ela quem mais sofre...e é ela quem tem o poder para acabar com tudo!voto sim porque acredito no livre arbítrio,porque acredito que cada ser humano deve ter poder de escolha,poder de decisão...e,por mais injusto que possa parecer,cada individuo tem o direito de "matar", se assim achar que deve ser!perdoem-me qualquer coisinha...
At 2:48 da tarde,
E se por acaso num dos teus "flirts" ocasionais, uma curte de uma noite, a rapariga engravidasse? E além de uma gravidez indesejada, ficasses a saber que esse bébe, teu filho, viria a sofrer de uma doença que além de não ter cura também sofreria imenso, não iria ter uma vida "dita normal", e seria para todo o sempre dependente de outras pessoas para viver? Também aí estarias contra o aborto? I don't think so...
Diz a verdade!!
At 2:53 da tarde,
De certo não se trata só de dinheiro....
Parece lhe mesquinho ter um filho indesejado e depois mete lo a adoção ou pior mete lo em sítios tipo casa pia e serem abusados e ou maltratados?
Parece lhe mesquinho ter um filho indesejado e fazer dele o saco de pancada de uma união provocada por um fruto não querido e tornado ele a culpa de todos os males daquela situação?
Acho que o direito de interromper a gravidade é de todo justo porque pior do que não o ter é tê-lo e tratá-lo de modo sub humanoe ainda pior é ignorar mais uma situação (mais de 20.000 abortos às escondidas) que convenientemente igonramos porque não concordamos e preferimos manter assim uma situação à margem da lei...
Não posso concordar com isto, é verdade que se trata de uma vida mas de alguns meses, mas também pode ser algo que se vai arrastar por uma vida inteira e ai os malefícios de uma situação indesejada pode ser um problema muito maior.
At 3:02 da tarde, diesnox
O meu ponto de vista aproxima-se do ice-device. Não encontro um único argumento válido para o aborto, salvo se a vida da mulher estiver em perigo, ou o mau desenvolvimento do feto ou em caso de violação da mulher. Optar pelo aborto é seguir uma via que não é solução. A decisão de ter ou não um filho não é exclusiva da mulher. O pai deve pronunciar-se... E devem ser ambos responsáveis pelos seus actos. Se a mulher engravidou num mero flirt, o homem e a mulher devem ser consentâneos com o comportamento de risco que assumiram. Conheço muitas mulheres que dariam TUDO para voltar atrás, isto depois de terem cometido abortos. É de uma violência terrível, que deixa marcas sobretudo no domínio psicológico. Já pensaram nos milhares de casais portugueses que se esforçam por engravidar e que não o conseguem? O que não fariam para poder procriar? Lamento que muitas mulheres pensem que a mulher tem o direito à opção como se o bebé se tratasse de uma mercadoria. Direito à liberdade e à vida privada? E o direito à responsabilidade? A dignidade humana não admite posições de eliminação do elo mais fraco, neste caso a criança. Expliquem-me como se pode ser pelo direito à vida, abortando? E que não percebo mesmo...
É uma temática que gosto de discutir. Infelizmente em Portugal costuma debater-se este tema aos berros o que acaba por não acrescentar coisa nenhuma. E a culpa é da Politica. Quando é que vamos perceber que isto não é uma questão de Esquerda/direita mas sim uma questão de consciencia?
Mas temos uma diferencia inconciliável: A vida que está dentro da mulher não é dela. Ela tem todo o direito a optar, a decidir a e a ter privacidade e saúde, claro. Mas sobre a sua vida. A de outra pessoa, que está dentro dela, ela não tem. Claro, depende dela, mas ninguém tem o direito de tirar a vida a outrém mesmo que tenha esse poder.
Assim sendo, também poderiamos tirar as vidas todas as pessoas que dependem de nós só porque nos é mais favorável?
A questão da sanção é muito discutível e difícil de responder, bem sei. Mas há mulheres que fazem abortos atrás de abortos e não me parece que seja apenas pela sua saude, ou pelo direito de optar. Apenas tomam o caminho mais fácil.
A mulher é sempre o centro "o corpo é dela, ela tem direito, é a intimidade dela" e a criança? não tem direitos? Não. pelos vistos. A lei vai consagrar uma emenda que permite que qualquer cidadão possa ser aleatoriamente eliminado até às 12 semanas. Apenas porque a mulher se acha mo direito de decidir sobre a vida de outrém
Ora se todos temos direito a "Matar" o estado também tem direito a penalizar e a punir os "criminosos" . Mas eu não gosto desta terminoligia.
se por acaso num dos teus "flirts" ocasionais, uma curte de uma noite, a rapariga engravidasse? E além de uma gravidez indesejada, ficasses a saber que esse bébe, teu filho, viria a sofrer de uma doença que além de não ter cura também sofreria imenso, não iria ter uma vida "dita normal", e seria para todo o sempre dependente de outras pessoas para viver? Também aí estarias contra o aborto? I don't think so...
Diz a verdade!!
O caso das más formações graves do feto estão consagradas na lei.
Se fosse saudavel, não optaria pelo aborto. Eu tenho as minhas razões. Nem todos fomos planeados, sabes?
Kelly: bem vindo ao blog. 20 mil abortos? fonte?
E já agora há muitas crianças planeadas que são igualmente mal tratadas. E muitas a viver em famílias pobres e que não foram planeadas que têm todo o amor do mundo. Generalizar é perigoso. nesse caso tínhamos que analisar todos os perfis psicológicos e financeiros de toda a gente que quisesse ter filhos, não?
At 3:28 da tarde,
sei bem que nem todos fomos planeados... quanto ao facto das más formações graves do feto estarem consagradas na lei, bem sei... mas como não mencionaste este facto no post quis saber qual o teu ponto de vista sobre o tema!
ora portanto, posso depreender das tuas palavras que nesta situação eras a favor do aborto... certo?!!
At 3:29 da tarde,
sim. Eu acho que a lei está bem como está. MAs mesmo assim as pessoas a favor da legelização podem fazer-nos uma pergunta muito difícil: "Se a mulher não tem o direito de abdicar da vida do feto numas circuntâncias, porque é que tem noutras [nomeadamente em caso de violação]? Não é na mesma uma vida que pode ser acarinhada e ser feliz?" Eu pergunto-me muitas vezes isto. Porque pode tratar-se de uma contradição da nossa parte.
At 3:44 da tarde, Sara
Admito que fazer um aborto seja mesmo de uma violência terrível. Apesar de defender quem opte por essa via, eu não o faria. Mas acredito que a não-possibilidade de escolher se queremos ou não aquilo que se possa considerar um “corpo estranho” a crescer dentro de nós deixa marcas psicológicas muito mais profundas e em pelo menos duas pessoas – a mãe e o bebé. A maioria das IVG ilegais são realizadas em condições que põem em risco a saúde da mulher provocando aproximadamente 80.000 mortes/ano por infecções, hemorragias, danos uterinos e efeitos tóxicos devido aos métodos utilizados para induzir o aborto. Algumas mulheres tentam mesmo abortar introduzindo objectos sujos ou pontiagudos no útero, ou agredindo-se com socos na barriga… Rejeito por completo o argumento dos milhares de casais portugueses que se esforçam por engravidar e que não conseguem. São dois assuntos completamente distintos. A não ser que o Diesnox aceite plenamente a gravidez por aluguer. É que aí resolvia-se num instante a questão da infertilidade… Em relação ao direito à responsabilidade: a legislação portuguesa prevê a educação sexual; no entanto, verifica-se que esta continua a ser prática quase inexistente. Não se implementa a lei e faz-se o laudatório americano da abstinência sexual que, falhando, provoca gravidezes adolescentes. O planeamento familiar, apesar dos progressos realizados, conhece dificuldades resultantes de deficiências de funcionamento, nomeadamente nos horários dos Centros de Saúde. Como é que se pretende educar para a responsabilidade quando muitas das nossas aldeias ainda nem água canalizada têm?
Pode-se ser plenamente pelo direito às vidas, considerando a não destruição de uma com a vinda de outra. A vida que cresce dentro da mulher pode não ser na totalidade dela, mas o corpo que a abriga é. E aí voltamos ao tema da auto-agressão. Não se mata um feto, mas suicida-se a mulher e o feto morre. Quanto à questão da cidadania, nos termos do nº 1 do artº 66º do Código Civil :“A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida”. A lei reconhece alguns direitos aos nascituros (seres humanos cujo nascimento futuro se prevê como possível, quer se encontrem já concebidos quer não) que, no entanto dependem do seu nascimento (nº2 do artº 66º do Código Civil: “Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.”
Eu sou filha de uma gravidez completamente não planeada mas defendo a IVG com último recurso, nunca como método contraceptivo.
At 3:58 da tarde, diesnox
Cara Mosqueteira27:
Não disponho de muito tempo, mas o Art. 66.º do CC tem duas leituras (restrita e ampla). Aqui como em muitas matérias, a doutrina divide-se... Ou seja, a lei tb reconhece certos direitos aos bebés ainda não nascidos, mas já concebidos... Esse reconhecimento é vital em certos casos, nomeadamente no plano sucessório e no plano das responsabilidades. Por ex: se uma mulher morre atropelada e está grávida, a pena vai ter tb ser ponderada ao infractor/condutor culpado em função do peão/mulher grávida. O mesmo se passa no plano das hernanças, como deves imaginar (vê o art. 952, que permite a doação de bens a nascituros - bebés ainda não nascidos). Como vês, são reconhecidos certos direitos ao feto...
Mas mais que uma questão jurídica, isto é matéria humana...
80 mil mortes? Onde? Fonte?
Essas mulheres têm outra opção: não se auto-flagelarem.
A educação sexual é importante e concordo que deva ser fortemente implementada e não optar pelo caminho mais fácil. Acham que com a legalização mais pessoas vão procurar informação sobre planeamento familiar? não me parece. A solução mais fácil está ali e é legal.
Constituição da Republica portuguesa Artigo 16:
2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem
Declçaração Universal dos Direitos do Homem
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal
A questão legal tamb+em é intressante: we can go on and on...
Sou contra a abstinencia sexual. Oh. Como sou.
At 4:21 da tarde, xico
deixemos claro uma coisa. estas discussões tem normalmente um defeito, é que os termos são mal aplicados. ninguém no mundo inteiro defende o aborto. a sensação de perda tem de ser assombrosamente gigante apra que uma mulher o decidade de ânimo leve... a questao é posta noutros termos... e esses parecem ser sempre ignorados... a pergunta não é se estamos de acordo ou em desacordo com o aborto. a pertgunta é se estamos de acordo ou em desacordo com a despenalizaçao do aborto... isso muda tudo! pelo menos apra mim... concorda com o aborto não! concorda com a despenalização do aborto, claramente sim!
quanto à responsabilidade do pai... é muito fácil´para o homem que quer ter a criança! número um porque nao passa por nenhum dos processos de traformaç4ao fisica, psicológica, hormonal... e depois em que condições? um pai que engravidou uma rapariga de 15 anos com quem nao tem um relaçao estável? como cuida um rapaz de 15 anos de uma criança? como cuida um rapariga de 15 anos um criança? é que os pais dos pais nao tem responsabilidades nenhumas, nem tema obrigaçao de assumir essa responsbilidade...
o problema ou melhor a soluçao para este problema é a mesma que para tantos outros... pasaa pela educaçao, pela consciencilizaçao social, pelo fim do tabu sobre o sexo nas familia, pelo sexo seguro, pela educaçao sexual, com o fim de um discurso sexista e obsoleto da igreja católica; pelo diálogo, pela necessidade de compreender as necessidades e as preocupações actuais dos jovens, por melhor informaçao e melhor orientada, com campanhas interessantes e inovadoras que nao se limitem ao discurso do medo...
sim à despenalização do aborto para que o aborto desapareça...
e podia ter escrito uma piada ou duas! eheheh... ams achei melhor nao!
At 4:32 da tarde, Sara
Diesnox:
A lei portuguesa atribui certos direitos, mas vaga como é, retira muitos mais: se eu tiver um filho em gestação, repleto de personalidade jurídica, o mesmo só adquire personalidade fiscal (pelo menos assim diz o código do IRS) no dia em que nasce. Incoerente o facto do fisco dizer que ainda só são dois a determinar a execução orçamental da família…
Mas não é isso que aqui está em causa. Exactamente por ser mais uma questão humana é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as conferências internacionais promovidas pelas Nações Unidas estabelecem o direito de decidir, de forma voluntária e livre, sobre a maternidade. Assim, o direito à IVG situa-se no âmbito dos direitos sexuais e reprodutivos que incluem três princípios éticos: a integridade corporal, a igualdade e a individualidade (cf. Artº 2 DUDH).
At 4:57 da tarde, Sara
Eu posso interpretar 1001 coisas mais. De entre todos os 30 artigos da DUDH escolho dois:
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamadas na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. (artº 2).
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio, ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques, toda a pessoa tem direito à protecção da lei. (artº 12)
O direito à IVG faz parte dos Direitos Humanos. Penalizá-lo constitui uma discriminação e é um acto de violência contra as mulheres.Mas não, não se fala do aborto em lado nenhum. Agora que se possa subentender o direito à Interrupção Voluntária da Gravidez e respectiva despenalização...
At 4:57 da tarde,
Considero essas comparações entre “as mães que não querem sê-lo” com aquelas que queriam mas não conseguem, completamente despropositadas.
Que culpa têm as mulheres a quem foi dado o dom da maternidade (e optam por não usufruir – naquele momento – desse mesmo dom) de que outras que tanto desejam poder ter um filho, após várias tentativas, após rios de dinheiro gastos, após de sucessivos desesperos, não o conseguirem?
Será “justo” castigar quem decide pôr termo a uma vida dentro de si, pura e simplesmente por existir quem tanto queira que isso lhe aconteça e não consiga?
Parece-me completamente inconcebível!
Já vive de muito perto (demasiado perto, talvez) situações em que já não havia outra solução (cada qual sabe de si) senão recorrer a esta prática. Vi lágrimas, vi sofrimento, vi arrependimento…mas também vi desespero! Também vi pessoas de mãos e pés atados pelo “crime” que consideravam estar a cometer! E não julgo, e não critico, e não recrimino…aceito as decisões (concordando ou não com elas), tento entender os motivos mas sou incapaz de julgar porque simplesmente não sei o que faria se me encontrasse na mesma situação, porque não conheço a minha reacção relativamente a uma coisa pela qual nunca tive de passar.
Aceito todas e quaisquer opiniões acerca deste assunto, mas sei que apenas quem já passou por isso sabe realmente o quanto custa ter de tomar uma decisão assim, sei o que pesa (não na consciência) na vida de uma pessoa ter optado por “tirar a vida” a um ser que crescia dentro de si… não julguem aquilo que não conhecem.
Não atirem pedras….os vossos vidros não são inquebráveis!
E,.mais uma vez, desculpem qualquer coisinha….
Mosqueteira:
Não está consagrado nos direitos humanos a IVG. Não está. Ponto final. é, na minha opinião, uma interpretação abusiva.
"Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada(...)"
lá está. Na SUA vida privada. A vida da criança não é SUA.
Este artigo serve também para justificar maus tratos de um marido a uma mulher, ou a uma criança, não é?
At 5:23 da tarde,
Bem... tou a ver que este post vai ser como o dos bombeiros... discussão e mais discussão... nem serias tu se não levantasses questões polémicas e controversas!!
Começando pelo princípio, eu sou a favor do aborto! Claro, em determinadas situações…
Para mim, actualmente, é inconcebível defender a realização de um aborto utilizando como motivos o direito à escolha, ao livre arbítrio, à liberdade, à privacidade ou o corpo é da mulher… mas isso sou eu!! Sou a favor quando há má formação do feto, violação, ou quando põe em risco a vida da mulher.
No entanto compreendo as mulheres que o fazem quando não se sentem preparadas para ter um filho, tendo o direito a escolher se querem ou não ter um filho em determinado momento da sua vida.
Compreendo porque também já trabalhei com miúdas (sim miúdas) que engravidaram sem querer e levaram a gravidez adiante arrependendo-se depois. Estas mães são apenas crianças que agora tomam conta de outras crianças, estás a ver a cena??
Arrastaram a gravidez, sempre com imensas dúvidas, ou com intenção de dar o filho para adopção depois de o ter… mas sabes o que acontece quando têm o filho? Negligenciam e maltratam os bebes. Negligenciam porque não lhes prestam os cuidados mais básicos (alimentação, saúde e higiene), maltratam e abusam deles física e psicologicamente. E pior de tudo não criam a menor ligação de carinho com eles. Diz-me como vão crescer estas crianças? Que adultos serão sem uma ponta de carinho por parte da pessoa que os pôs no mundo?
Por isso, digo que quando as mulheres (principalmente as mais novinhas - as mães adolescentes) não se sentem minimamente preparadas para terem e cuidarem de um filho, defendo o recurso ao aborto.
É muito bonito quando alguém diz o que o diesnox disse “A decisão de ter ou não um filho não é exclusiva da mulher. O pai deve pronunciar-se... E devem ser ambos responsáveis pelos seus actos”, mas infelizmente não vivemos num mundo justo.
Devido à minha profissão, conheço muitos rapazes que engravidaram raparigas de 15 e 16 anos e quando souberam “fugiram com o rabo à seringa”. É verdade, quando sabem que engravidaram uma rapariga desresponsabilizam-se e só através de testes de paternidade e anos de processos judiciais é que por fim o reconhecem (única e exclusivamente através do apelido que acrescentam). Não é um miúdo de 15, 16 ou 17 anos que vai querer, desejar e amar uma criança que foi, como eles dizem, “um acidente de percurso” na flor da juventude, no início da vida!!
At 5:35 da tarde, Sara
óptimo ponto. Agora diz-me, quando olhas para as tais crianças, se tivesses o poder, escolherias que não tivessem nascido?
é que quando trabalhei com crianças de risco e elas andavam a brincar lá fora eu lembro-me de me ter questionado isso mesmo. e não me lembro de nenhuma ter dito aos inquéritos que preferia não ter nascido [ apesar de não ter família, apesar de ter sofrido]
é disto que se trata. de uma vida. e algumas mulheres acham que mandam, que são elas que têm o poder de fazer o que lhes apetecer só porque não lhes dá jeito.
os maus tratos não são exclusivos das adolescentes. os maus tratos acontecem com muitas outras crianças que foram planeadas, no seio de casamentos sólidos e com poder financeiro. Ceifar uma vida só porque eventualmente pode vir a sofrer não faz sentido. Umas sofrem muito. Outras não. estaremos a pré-determinar o futuro. e isso não é possivel fazer.
At 5:57 da tarde, Sara
Ice-Device:
"em última instancia, é o espermatozóide do homem.!" -> lindo... Realmente, esta frase resume tudo.
Chauvinismo masculino? Ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher? Subalternização da mulher?
Ah, já sei: cá pra mim tu também és daqueles que defendem que Adão cometeu o pecado original porque foi Eva que o incitou a comer a maçã...
At 6:11 da tarde,
Graças a Deus que não tenho tal poder… pq senão haveria mta coisa que mudaria… aqui não se trata das minhas escolhas e das minhas opções. No entanto, digo-te muito sinceramente que se eu tivesse nalgumas das situações em que estavam aquelas miúdas, EU, teria optado por abortar…
Só uma pessoa sem sensibilidade nenhuma poderia dizer que uma mulher faz um aborto porque lhe apetece ou porque lhe dá jeito… nenhuma mulher em pleno estado de consciência faz um aborto por estes motivos…
Quanto ao facto de haver maus tratos no seio de diversas famílias com ou sem recursos financeiros, é verdade, referi as mães adolescentes para te dar um exemplo do que acontece quando as crianças não são desejadas e acarinhadas…
At 6:11 da tarde,
Graças a Deus que não tenho tal poder… pq senão haveria mta coisa que mudaria… aqui não se trata das minhas escolhas e das minhas opções. No entanto, digo-te muito sinceramente que se eu tivesse nalgumas das situações em que estavam aquelas miúdas, EU, teria optado por abortar…
Só uma pessoa sem sensibilidade nenhuma poderia dizer que uma mulher faz um aborto porque lhe apetece ou porque lhe dá jeito… nenhuma mulher em pleno estado de consciência faz um aborto por estes motivos…
Quanto ao facto de haver maus tratos no seio de diversas famílias com ou sem recursos financeiros, é verdade, referi as mães adolescentes para te dar um exemplo do que acontece quando as crianças não são desejadas e acarinhadas…
há mulheres que já fizeram 6 7 e mais abortos, isso é pura insensibilidade, e na minha opinião crime. Para algumas torna-se rotina. Para os meus pais trabalharam alguns casais búlgaros.Aa mulheres engravidaram nesse tempo. Nõa se protegeram e disseram à minha mae que iam abortar.
A minha mae disse-lhes que isso não estava certo mas elas disseram que não se preocupavam, era prática comum na Bulgária. Elas já tinham feito antes. "na maior" palavras da minha mae...
então concordas que o facto de as crianças serem planeadas não significa que sejam bem tratadas?
concordas também que há crianças que podiam ter sido abortadas e agora são felizes?
At 12:51 da manhã,
Despenalização não é liberalização!
Aceito que existam pessoas com opinião diferente da minha, mas a maioria dessas pessoas sempre tiveram uma vida “normal”, sem dificuldades de maior.
Eu sou filha de pai alcoólico, vivi num lar onde a violência doméstica era uma constante até que a minha mãe, do alto da sua infinita sabedoria, teve a coragem de divorciar. Corria o ano de 1981, como devem imaginar, na aldeia onde vivíamos não foi fácil conseguir manter a dignidade imaculada.
Felizmente, a minha mãe tinha um “bom emprego” e inteligência foi uma qualidade que nunca lhe faltou. Só assim foi possível educar 2 filhas ainda crianças.
Nunca tivemos problemas financeiros e as carências afectivas que poderiam ter surgido foram superadas por uma família materna extremamente unida, mas nem todos os casos são assim…
À minha mãe também não lhe faltaram razões para interromper voluntariamente cada uma das duas gravidezes que teve, mas apesar de também ela ser a favor da despenalização da IVG nunca o fez.
Quero acreditar que nenhuma mulher lúcida e minimamente inteligente se submete a uma IVG de ânimo leve… compreendo que possa ser uma atitude egoísta mas não consigo entender porque é que deve ser crime…
Quem tem dinheiro vai a uma boa clínica que o faça na clandestinidade e, com sorte, a intervenção até é comparticipada por um seguro de saúde como sendo um qualquer exame de rotina e ainda deduz a despesa à colecta de IRS… ou então vai até Badajoz e aproveita a viagem para atestar o depósito de gasolina… Com a diferença de preços, se o depósito for grande, com o que poupa no combustível a IVG fica quase de borla ;)
Apesar de tudo, quero que fique esclarecido que seria incapaz de interromper voluntariamente uma gravidez.
Meus caros, se a lei não muda e a IVG não é despenalizada, como diz o velho ditado, quem se lixa é o mexilhão… porque as grandes senhoras, essas, podem e vão continuar fazê-lo sem que ninguém saiba… e qual é o resultado? Tribunais atulhados de casos por decidir e os verdadeiros assassinos a passearem livremente por aí…
Já agora, aqueles que pensam que o nascimento de um filho pode ajudar a melhorar o que quer que seja… esperem só até serem pais/mães… até lá, o melhor é ter cuidadinho para não serem postos à prova ;)
At 10:09 da manhã,
Grande jane... concordo com o que disseste em grau, género e número!!
Quanto ao facto de considerares a realização de um aborto crime tenho as minhas reticências! Agora, que há mulheres que fizeram 6 e 7 abortos, sim é verdade, mas lá está, essas não são “mulheres em pleno estado de consciência”… são mulheres que pelos mais diversos motivos (psicológicos, económicos, sociais, patológicos, etc.) o fazem – e, sinceramente, penso que em vez de se realizarem abortos em tal número o melhor é fazer logo uma laqueação de trompas, ao menos “gozava” à vontade sem ter que se preocupar… ;) Isto, claro sem mencionar a questão da aceitação cultural que poderá existir na Bulgária em relação ao aborto… questões como as dificuldades financeiras, o desemprego, ou mesmo o elevado número de filhos por casal, pode fazer com que o aborto (na Bulgária) não seja tão “recriminado” ou censurado como em Portugal. Mas não vamos por aí…
Respondendo às tuas perguntas… sim, concordo que crianças que poderiam ter sido abortadas são actualmente bem tratadas e, mais, felizes!!
Planeamento familiar. O Estado, em vez de financiar abortos, deve apoiar as famílias no planeamento familiar. Sou favorável ao laqueamento das trompas de forma gratuita no caso das mulheres com filhos numerosos e que assim desejarem.
Um lei favorável à IVG vai agravar a irrespondabilidade das mulheres e dos homens. As mulheres reforçarão a ideia que o que está a nascer dentro delas é só delas. Nada mais egoísta e falacioso. Os homens, por seu turno, poderão pensar: oh, se a engravidar, ela vai a correr para o hospital e resolve o problema num ápice.
Este Estado dito Providência não pode andar a queixar da insustentabilidade da Segurança Social e da queda da natalidade e ao mesmo tempo fomentar o aborto. Em Espanha, cerca de 100 mil. repito 100 mil crianças, não nascem por causa da dita IVG. Não quero com isto condicionar a questão a uma mera análise de números e interesses económicos. No entanto, quer queiramos, quer não, esse plano é incontornável. Afinal, se o aborto fosse consentido, seria também que pagaria do meu bolso esse acto. Não quero descontar para um Estado que não promove o planeamento familiar e que resolve os problemas recorrendo ao aborto. Isso é magia, estilo Copperfield. Farto de magia estamos nós. NÃO ACEITO A IVG. Não me conformo com essa forma de encarar os problemas. Qualquer dia isto mais se assemelhará a um país maoísta que pensa que resolve certos probelmas com recurso à faca e ao medicamento. Educação, meus caros, formação, responsabilidade, apoio local... Pensar global, agir local. Mas agir mesmo, não é esquecer a situação até ao próximo referendo.
Jane: bem vinda ao Blog.
és a prova provada, que abortar não é a solução! Apesar de todas as dificuldades,a tua mãe, mulher de coragem não abdicou de dois filhos que cresceram e são adultos saudáveis [pelo menos a julgar pela tua escrita.]
Abortar é crime, ou é considerado crime,porque se trata de tirar a vida a outrém sem uma razão forte, que não seja a conveniencia da mãe.
Não te preocupes, a IVG vai ser despenalizada.
Não concordo em nada quando dizes que um filho não pode trazer felicidade. Conheço pessoas que tiveram filhos fora de horas, que não queriam e que se tornaram mais felizes após o nascimento.
Liliana: portanto concordas que é impossível pre-destinar se uma criança vai sofrer ou não? Nesse caso como podemos fazer um aborto sob o pretexto que a criança vai ser infeliz? A vida tem tantas variáveis que não podemos em circuntancia alguma prever o futuro.
Muitos dos grandes homens e mulheres da nossa história nasceram em condi~ções deploráveis e sofreram muito. Nõa deixar nascer alguém baseado nesse pressuposto é não acreditar na condição humana.
At 12:31 da tarde, Sara
Este é um país que supostamente estará a evoluir. Só se for no número de telemóveis. Somos o país com maior número de telemóveis por habitante mas aquele onde as mulheres ainda são julgadas por aborto…
Se a IVG não for despenalizada, o problema continuará a existir. Ricas ou pobres, as mulheres continuarão a ter o poder de decidir sobre aquilo que verdadeiramente lhes pertence: o seu corpo, tenha ele ou não outra vida a crescer no interior. E se não recorrerem a clínicas privadas, e se não forem ter com parteiras duvidosas, e se não se auto-agredirem fisicamente de forma a expulsar aquilo que não aceitam, podem sempre recorrer ao site das Women on Waves e informar-se como é que até às 9 semanas podem induzir o aborto utilizando dois medicamentos fáceis de adquirir.
A despenalização dá o direito de escolha. Mas no tipo de Estado em que vivemos só sinto uma coisa: vergonha.
At 12:37 da tarde,
Conveniência da mãe? Por favor, estás a reduzir ao máximo todas as nuances da vida, todos os seus problemas, questões e afins… eu pelo contrário, apesar de ser a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 12 semana (em determinados casos) penso que o não vai ganhar, outra vez, num futuro referendo!!
Quanto ao facto de um filho não trazer felicidade concordo plenamente… se um casamento que não era feliz antes de haver uma criança nele, não é por ter nascido um novo ser que vai haver felicidade, e resolver os problemas de infelicidade ou insatisfação dos seus pais perante o casamento. Mas, se pelo contrário, existe felicidade, amor, satisfação no casamento, sim, uma criança pode vir a preencher ainda mais esse belo quadro familiar.
Questão: essas pessoas que conheces que tiveram filhos fora de horas e não queriam e se tornaram mais felizes depois do seu nascimento, não seriam já felizes no casamento? Penso que se não houvesse um pouco de felicidade nesse casamento, não era por nascer uma criança que iria mudar toda uma relação!!
Não, não concordo que seja possível pré-destinar toda uma vida. Claro, tu planeias a tua vida de uma determinada maneira, fazes planos no que concerne à tua educação, trabalho ou amor (o que não quer dizer que aconteca como planeias...). Mas isso acontece quando tu já tens o livre arbítrio de decidir e escolher o teu caminho e acarretar com o peso das tuas decisões, porque enquanto criança ficas à mercê dos adultos, dos teus pais… e se estas pessoas, das quais tu és completamente dependente, não satisfizerem as tuas necessidades mais básicas para conseguires sobreviver?? Como é?? É preferível ter um filho para o deixar morrer à fome ou à sede?? Ou então violentá-lo e maltrata-lo constantemente porque para essa pessoa, o que está ali à frente dele é apenas uma “coisa, sem significado nenhum”?? Para mim, isto é muito pior?? Eu penso que quem não DESEJA e AMA, o mínimo que seja, o seu filho não o deve ter!!
At 12:51 da tarde,
Penso que há um ponto que não está muito claro. A proposta de lei que se pretende votar vem no sentido de despenalizar a IVG. Tal não significa que a IVG passe a ser permitida.
Legalmente, despenalização não é sinónimo de permissão nem de liberalização. A intenção desta proposta de lei é tão e só despenalizar... deixar de ser crime, não é tornar a IVG um acto lícito.
Claro que não posso concordar que os nossos descontos para a segurança social sirvam para financiar actos levianos, ainda para mais no estado de ruptura iminente em que se encontra...
O que realmente me preocupa (e aproveito para responder à Liliana) é que com base na legislação actual a IVG é crime. Mas quem são os arguídos? As mulheres, e os médicos / enfermeiras / curiosas que efectuaram a IVG. Então onde estão os maridos / namorados / ou lá o que sejam??!! Esses que muitas vezes são os 1ºs a incentivar, ou até mesmo a forçar, que a mulher tome essa atitude? Estão descansadinhos em casa, a ver o mundial... e sabem porque é que estão descansadinhos? Porque não foi a saúde deles que foi posta em causa num vão de escada nem será a liberdade deles a ser julgada num qualquer banco de tribunal.
Livre arbítrio? Essa é boa... Quem acha que ainda vive em total liberdade nos tempos modernos? Já repararam que estão condicionados pelo Estado?
Quem DESEJA E AMA, FAZ TUDO PELOS SEUS FILHOS, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ELES ESTÃO NA BARRIGA DA MAE... O que não fazem os pais pelos filhos? Quem deseja e ama não dá apenas uma oportunidade ao bebé para nascer; age de acordo com a sua natureza humana. A vida é quase um milagre, já pensaram nisso. Não é possível mensurar as probabilidades de nascermos. Será que o homem tem o dom de poder elminar esse mistério e milagre fenómeno que é a vida? Já agracederam aos vossos pais, ainda que no vosso silêncio, por terem nascido? Pensem bem...
Cara mosqueteira27:
Eu inverto a tua argumentação. Lamento profundamente que as meninas, ricas ou pobres, cultas ou ignorantes, tenham dinheiro para mudar de telemóveis de meio em meio ano e não saibam amealhar para o futuro, onde se inclui os vilhos que hão-de ter. Espero que este país não se comece a avaliar também pelo número de abortos que irá cometer...
At 2:26 da tarde,
Jane, sei bem que actualmente o aborto é considerado crime, só que para mim o aborto realizado em determinadas situações não é considerado crime! Por isso tenho as minhas reticências…
Disseste muito bem diesnox, e só me vens dar razão!! “Quem DESEJA E AMA, FAZ TUDO PELOS SEUS FILHOS, A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ELES ESTÃO NA BARRIGA DA MAE...”.
E agora eu pergunto… E quem não ama? E quem não deseja? Como é? Tem que acarretar e viver infeliz para o resto da sua vida só porque o preservativo não funcionou uma vez?
At 2:33 da tarde, diesnox
Quem não ama tem de aprender a amar. Uma pessoa sem sentimentos é uma rocha intacta. Não tem viver infeliz só porque o dito não funcionou; tem apenas de pensar que todos os actos comportam riscos. E ser adulto, assimindo os comportamentos. Não é sempre que as coisas não correm bem ir a correr atrás da chucha da mãe ou deo colo do pai. As adolescentes se sãpo crescidas para irem para a cama também têm de ser adultas na contricção dos seus actos. Haja sensatez, saibamos assumir as nossas conquistas na vida e as nossas fraquezas.
At 2:40 da tarde,
At 2:45 da tarde, Sara
Diesnox:
Queres que miúdas de 13 anos, que se querem sentir integradas junto de colegas que usufruem da mais alta tecnologia – neste caso em relação a telemóveis – comecem a pensar em poupar dinheiro para quando tiverem filhos? Isso é uma ideia tão ou mais ridícula quanto a nova legislação que obriga a que só se possa fazer uma citologia a partir dos 25 anos, quando todos sabemos que há muitas raparigas com 15 anos (muitas vezes menos) com vidas sexuais activas...
Prefiro avaliar o país pelo número de IVG feitas legalmente e com condições de segurança do que avaliar numa perspectiva terceiro-mundista em que as mulheres morrem por hemorragias. Ainda que a educação sexual e o planeamento familiar sejam os meios adequados para prevenir gravidezes indesejadas, o aborto clandestino continua a ser uma triste realidade em Portugal. Este continua a ser, a seguir à Irlanda – e contrariando diversas recomendações internacionais – o país com a legislação penal mais restritiva em matéria de aborto. A actual lei é profundamente desajustada da realidade social, como é aliás demonstrado pela enorme desproporção entre o número de abortos legais e a estimativa de abortos clandestinos. O aborto realizado sem condições de segurança médicas e sanitárias, além de poder conduzir à morte, é causa de graves sequelas para a saúde de muitas mulheres. E para além desse risco de vida e de saúde, há ainda uma lei injusta – que não é inócua, nem neutra, nem irrelevante. As mulheres portuguesas continuam também a enfrentar o risco de prisão até três anos. Todos os anos as autoridades policiais registam e investigam casos de aborto – e realizam-se julgamentos. Por isso é preciso mudar a lei.
At 2:59 da tarde,
Lindo, fabuloso, realmente a solução está mesmo aí “Quem não ama tem de aprender a amar.” E está tudo dito, afinal um problema deste tamanho, e a solução sempre esteve com o diesnox!! Porque será que nunca ninguém se tinha lembrado disso?? Será porque não se ama quem nós queremos, mas sim quem o nosso coração quer!?
Sim, todos os actos comportam riscos e desses comportamentos advêm consequências.
E não aceitas que por vezes uma menor consequência (embora enorme) seja o aborto?? Claro, num mundo ideal, não haveria gravidezes indesejadas e todos seríamos responsáveis pelos nossos actos… mas isso não acontece, não vivemos em tal mundo… não há nem sensatez ou responsabilidade!!
At 3:15 da tarde, diesnox
Quer dizer então que se o vosso querido coração não quiser amar o vosso filho, optas por um aborto, certo?
Não confundir amor maternal com amor sentimental/passional.
Quantos aos telemóveis, o que quis dizer foi que os paizinhos se têm dinheiro para dar aos filhos em telemóveis tb devem ter algum para levar as filhas aos ginecologistas...
At 3:19 da tarde, diesnox
Essas miúdas de 15 anos com vidas sexuais activas deviam ser acompanhadas pelos pais e pelos ginecologistas. Não se deve escamotear o problema, assim como não se deve ensinar à menina que se a coisa correr ma para os lados dela, há sempre uma clínica ou um hospital que trate do assunto. Isso é que não. Não com os meus impostos.
At 3:26 da tarde, diesnox
Ice-device, as tuas (ex-)alunas, amigas e tal, discorda, de nós... Espero que as filhas delas venham a ter uma visão diferente.
Por mim, asseguro que a partir dos 10 anos começo a levar as minhas filhas ao gineclogista e a transmitir-lhe da forma mais aberta e tolerante possível tudo sobre educacação sexual.
At 3:26 da tarde, Sara
Diesnox, pensa bem. Estamos em Portugal: kms e kms de vilas e aldeias completamente na ignorância. Ginecologistas? Pais que interferem em temas que continuam a ser tabu na nossa sociedade? Tudo isto enquanto ainda se fazem partos em quartos conjuntos com estrebarias? O teu problema é o TEU dinheiro, já se percebeu. Pelos vistos preferes continuar a pagar intervenções médicas urgentes e subsídios de funeral em duplicado.
Acredito que o amor passional possa ser construído, mas duvido muito que o mesmo aconteça em relação ao amor maternal/paternal. Acho extremamente difícil chegar a amar algo que não desejaste desde o primeiro minuto. Que com todas as tuas forças quiseste que não tivesse acontecido. E mesmo que isso aconteça, mesmo que passes a gostar daquela nova pessoa, o arrependimento estará lá sempre. A mágoa não passa por muito que se tente esquecer. É como as nuvens: vêm, vão, voltam sob formas diferentes. Mas não desaparecem. Nunca.
At 3:43 da tarde, Sara
At 3:50 da tarde, diesnox
At 4:04 da tarde,
Não. O que quero dizer com este ponto é que se não estiveres preparado/a para ser pai/mãe, desejares e amares o teu filho, não vai ser com “dever a aprender a amar” que vais lá!!
Mas bem, então imagina-te na seguinte situação:
És uma rapariga de 17 anos, estás no 12º ano, e num “flirt”, uma curte de uma noite com um rapaz da tua escola acabas grávida. Além de te encontrares grávida, sonhas entrar para a polícia/forças militares quando acabares o 12º ano – este é o teu sonho. Para piorar tudo, o teu pai até está preso por, entre outros crimes, violência doméstica… é a tua mãe quem tenta sustentar a família (através de trabalhos esporádicos e incertos na agricultura) que nem sempre garante um prato de comida na mesa. Tens mais 3 irmãos, duas raparigas e um rapaz. O teu irmão com 19 anos é toxicodependente e até conseguiu fazer com que as duas irmãs mais novas entrassem nesse mundo da droga!! A casa onde moras, além de ser uma barraca, não tem as mínimas condições de salubridade como por exemplo uma casa de banho… O rapaz que é o pai do teu filho disse-te que não reconhece o que carregas na barriga como sendo dele, e que não esperasses nada da parte dele!!
Para colmatar, não sentes carinho por aquele ser que carregas na tua barriga… aliás, até sentes desprezo… para ti, aquilo é uma “coisa”!! uma coisa, que te veio estragar os teus sonhos de um dia teres um futuro melhor, fora do único mundo que conheces, que é a pobreza, o alcoolismo, a violência, a droga, a vergonha…
O que farias no lugar desta rapariga?? Continuavas a defender essa tua ideologia de não ao aborto??
Ou noutra situação:
O que dizes de uma miúda, que com 16 anos engravidou, não sente o mínimo de carinho pelo filho, e que está constantemente a agredi-lo verbalmente com frases do género: “tu és um nada!”, ou “não sei para que nasceste…”, ou ainda “não prestas para nada, só vieste dar trabalho…” (e coisas muito pior que não me atreveria a publicar no vosso blog), além disto, também o maltrata constantemente fisicamente… e, renuncia todos os cuidados, por mais básicos que sejam.
Consegues perceber, que quando uma pessoa não está minimamente preparada para ser mãe/ pai é muito provável que levar uma gravidez adiante possa gerar ainda mais infelicidade do que as mazelas físicas e psicológicas resultantes da realização de um aborto??!
Sabias que é a Inglaterra é o país da União Europeia onde há mais gravidezes na adolescência?? E que depois estas gravidezes indesejadas acabam muitas vezes em abortos (a maioria clandestinos)? Isto apesar de em todas as escolas secundárias do país terem implementado a educação sexual há mais de uma década!!
At 4:09 da tarde,
Ter um pai ausente não significa que não se saiba quem ele é. Significa que se sabe quem é mas que não passa de um mero pai biológico.
Provavelmente até é uma daquelas pessoas púdicas que é contra a IVG.
"Abortar não, mas também não quero responsabilidades na educação dessa criança que trazes no ventre!".
Mais uma vez, a mulher é que sobre com as consequências... ou faz um aborto ou educa os filhos sozinhos...
A minha homenagem a todas a mulheres que tiveram a coragem e a capacidade de educar os seus filhos sozinhas!
At 4:09 da tarde, Sara
At 4:14 da tarde,
No que toca ao aborto.. eu sou contra o aborto a nao ser em casos extremos.Se uma mulher engravida esta consciente que consumou o acto de livre vontade devia ser punida por ter cometido o aborto. Em casos de violaçao a estoria ja é outra pois o bebe nao é desejado, mas mesmo assim podera nascer pos é mais uma vida que se salva.Outros casos é quando se detecta uma deficiencia no feto, pode-se dizer que é matar uma vida, mas de certa forma evita que a criança venha sofrer e falecer preventivamente..
A vida esta a cima de todas as morais éticas. é o maximo que aborta comete um crime e devia ser punido severamente, mas so no caso de nao haver deformação do feto e a mulher nao ter sido violentada sexualmente.
1 - Um dos argumetnos mais pequeninos do "sim" é dizer que o facto de termos uma lei restritiva nos faz "atrasados". Não somos atrasados por isso. países como a China ou a Rússia eliminam fetos de forma sistemática e não são propriamente um modelo de desenvolvimento social. Nem vamos evoluir assim, de repente por despenalizarmos/liberalizarmos.
2- REduzir a questão ao "amor" ou ao "Afecto" ou ao "desejo" é um pau de dois bicos: Para 10 exemplos vossos eu arranjo 10 contrários. É uma discussão redonda. Eu conheci casos tal como a liliana por exemplo conhece, de jovens que não abortaram e apesar de não desejar antes o filho, passaram a cuidar e a ama-los depois de nascidos. Não têm condições? Muitos não tinham, as crianças ficaram em instituições, com familiares, com amigos e com totais desconhecidos, onde descobriram uma vida nova. Não devemos substimar o apoio social e a caridade das pessoas. ela existe e "salva" aquelas vidas.
3- A perspectiva egoista de algumas mulheres que acham que têm o direito de fazer viver ou fazer morrer outra vida, só porque depende delas e porque pode alterar os seus "sonhos" é uma prova da sociedade em que nos tornamos.
4 -a vida de outra pessoa é mais importante que os nossos sonhos.
5- Não vale a pena virar a discussão em torno do complexo em relação aos homens. Nós já ultrapassamos isso há muito. Se assim fosse era mais fácil para nós defender a liberalização. Não tínhamos tanta responsabilidade.
At 9:54 da manhã,
A questão da IVG é, sem dúvida, bastante questionada na sociedade em que vivemos suscitando opiniões diversas.
Tenho vindo a defender uma opinião contra o aborto. No entanto, há situações em que francamente sou a favor. Refiro-me a casos de violação sexual e de mal formações do feto. Nestes casos justifico-me porque considero que as sequelas e traumas psicológicos para a mulher ou para o casal serão mais facilmente ultrapassadas se optar pelo aborto.
No entanto, e referindo-me às gravidezes ocorridas quando o casal (de namorados, ou num simples "flirt") consuma o acto com plena consciência, sou da opinião de que os mesmos deverão ter o bom senso e a coragem de enfrentar a situação por eles criada e, neste caso, sou totalmente contra a IVG. E não me venham dizer que uma criança vai impedir ou atrapalhar a realização de sonhos futuros! Tenho duas colegas a quem isso aconteceu enquanto tiravam o curso e que na altura pensaram abortar. Não o fizeram, e eu própria testemunhei que passaram por momentos muito pouco agradáveis de viver. Superaram e hoje são felizes.
É claro que nem sempre é assim porque, infelizmente, o nosso país apesar de pequenino tem realidades sociais e culturais muito diferentes...
Quero congratular o ice-device pela pertinência do tema que apresentou.
At 2:44 da tarde, Sara
At 2:46 da tarde,
Tudo bem… compreendo que consigas arranjar casos de sucesso… pessoas que na altura em que estavam grávidas pensaram em abortar, não o fizeram e actualmente estão felizes, bem como os seus filhos, sendo actualmente crianças/ jovens/ adultos realizados, amados e acarinhados… muito bem, e sinceramente, o mundo era uma maravilha se acontecesse sempre assim… mas infelizmente não acontece sempre isto!! Como já te disse várias vezes – o mundo não é justo!! – e infelizmente nem sempre as histórias terminam bem!!
Quero com isto dizer que, as mulheres devem ter a possibilidade de escolha, e essa escolha deve ser permitida por lei para que não existam clínicas clandestinas que pratiquem barbaridades como as que actualmente acontecem!!
As mulheres devem ter a possibilidade de escolha para não trazerem ao mundo uma criança que não desejam mais do que a sua própria vida… porque mãe que deseje e ame o seu filho, faz realmente tudo por ele diesnox (mas só quando se quer, deseje e ame muito)…
As mulheres devem ter a possibilidade de escolha para que não sejam julgadas pela justiça portuguesa por terem cometido o crime de aborto…
(É claro que não se podem permitir atrocidades, como por exemplo a realização de 7 e 8 abortos na mesma mulher!!)
E já agora… de nada!! ;)
At 3:27 da tarde, Sara
Porque acho que não vamos a lado nenhum com isto e o NÃO vai voltar a vencer em eventual referendo, com ou sem linhas editoriais de apoio por parte da CS, continuando a Igreja a congratular-se pelas suas fiéis ovelhas... deixo a minha última opinião neste post. O aborto ilegal produz crianças "responsáveis" por outras crianças. A gravidez na adolescência, na situação actual, tem tendência a aumentar. Continua a haver falta de conhecimento, falta de maturidade e um descuido momentâneo pode ser punido com uma gravidez e maternidade forçadas. Ou mesmo um perigoso aborto ilegal. É o mesmo que condenar uma adolescente a uma sentença de desesperança, desemprego e dependência. Não é só geográfica e economicamente que estamos na cauda da Europa. A nível de direitos humanos também.
http://amagodaalma.blogspot.com/2005/11/ivg.html
At 4:26 da tarde, diesnox
At 7:26 da tarde,
1 - A legalização não vai acabar com o aborto clandestino. Imaginem só: O aborto é legal até às 12 semanas. Mas e se as mulheres abortarem para lá dessas 12 semanas? O que se faz? condenam-se? Afinal vai continuar a ser o "corpo delas"! O que vai acontecer é que muitas vão abortar mais tarde e dessa forma terão que recorrer ao aborto clandestino novamente. É uma ilusão achar que se vai acabar com clínicas de aborto clandestino.
2 - Discordo completamente que o "não" vai ganhar outra vez. em 1998 ganhou por pouquíssimos votos. 8 anos mais tarde e depois da nausea da discussão, tenho a certeza que as pessoas vão despenalizar nem que não seja para deixar de ouvir falar disto.
3 - A IVG não é um direito humano. Nem está escrito nem estava no espírito dos autores da carta. é uma interpretação abusiva. Aceitem isso e sigam em frente.
4 - A gravidez na adolescencia é um problema que não se vai resolver com a legalização.Apenas teremos mais abortos. Já agora, os descuidos que qualquer um pode ter, têm hoje em dia mais uma boa solução. Chama-se pílula do dia seguinte e tem uma eficácia bastante alta nos primeiros 2 dias a seguir à relação sexual perigosa.
5 - Esta discussão vai ser ganha em última instancia pelo "sim" nas urnas e democraticamente. quando isso acontecer enquanto democrata vou aceitar sem problemas. Algo que as forças políticas da esquerda, alguma elite intelectual e alguma comunicação social nunca fizeram quando perderam em 1998.
At 10:21 da manhã,
e diz-me lá uma coisa... se uma mulher engravidar numa relação sexual e depois tomar a pílula do dia seguinte (ou pílula abortiva) já não é um aborto?? então menino ice, como é? estás contra a realização de abortos, mas ao fim ao cabo és a favor do uso da pílula do dia seguinte cujo objectivo é provocar abortos!!
At 11:01 da manhã, Sara
Eh pá... eu bem queria que tivesse sido o meu último comentário...
A despenalização – e não legalização (não é a mesma coisa) – pode não acabar com o aborto clandestino, mas pelo menos dará condições de segurança àquelas que se atrevam a fazê-lo legalmente, sem medo de represálias ou punições. Ainda assim continuo a defender que, mesmo nestes casos, só aceito a IVG até às 12 semanas de gestação independentemente das razões que tenham levado à gravidez não planeada.
Passaram 6 anos desde a realização do referendo sobre esta matéria. Durante este período continuaram a haver julgamentos de mulheres pelo crime de aborto que confrontaram a nossa sociedade com uma lei obsoleta e injusta, que coexiste pacificamente com o drama do aborto clandestino. A despenalização da IVG é uma inadiável exigência de justiça e dignidade para as mulheres portuguesas mas não me parece que se vote SIM só para deixar de ouvir falar seja do que for…
A IVG não está explicitamente consagrada nos Direitos Humanos, mas está a liberdade de consciência, o direito à saúde e ao bem-estar, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários. Torno a afirmar: a mulher deve ter a possibilidade de escolher o que lhe parece melhor, sem discriminação de sexo. Numa sociedade democrática as pessoas são livres. Eu não sou a favor do aborto, sou a favor da liberdade de escolha!
Em relação à pílula do dia seguinte e só para teres uma breve ideia (supondo que nunca tenhas lido a bula de uma): a utilização recorrente da pílula de emergência, devido às altas dosagens de hormonas podem causar tensão alta, tromboembolismos e desequilíbrios hormonais, constituindo uma grave agressão ao organismo. Não é recomendável como método contraceptivo; é uma medida de recurso com menos impactos nocivos que a IVG, quer em termos de fertilidade futura, quer a nível psicológico e económico. Mas nunca deverá ser utilizada como “solução pra descuidos” pois ao criar um ambiente impróprio para a implantação do óvulo fecundado provoca lacerações no colo do útero. Claro que a IVG pode ser muito mais traumatizante, mas duvido que se torne tão recorrente e fácil de adquirir por qualquer miúda na mesma medida que um simples comprimido…
Lili: A pílílua do dia seguinte não é um método abortivo. Impede a fecundação. Devias saber isso.
Mosqueteira: Quer dizer... a pílula do dia seguinte tem efeitos negativos e um aborto não tem? A pílula do dia seguinte não deve ser usada como método contraceptivo mas apenas para esses casos de "descuido" impede a fecundação do óvulo e tem efeitos negativos por se tratar de uma descarga hormonal intensa. mas é seguramente melhor que um aborto. qualquer especialista te drá isso. [já li folhetos da pílula, sim, obrigado]
Não responderam à minha questão: se uma mulher decidir abortar à 13ª semana deve ser julgada?
detesto a minha vizinha. acho que a vou violar e matar a seguir. é a minha escolha. Não sou a favor desses crimes. Sou a favor da liberdade de escolha que eu tenho nesta sociedade democrática.
[desculpem ser um exemplo exagerado]...
At 3:09 da tarde, Sara
Ice:
A pílula é "melhor" que um aborto, mas como se torna tão vulgar a sua aquisição, assim se tornará a repetição de uso.
Se com a actual legislação, uma mulher à 13ª semana de gestação decidir interromper a gravidez [sem estar contemplada nas actuais excepções], defendo que não deva ser julgada. Afinal de contas, não lhe dão condições para o fazer em segurança em qualquer altura do embaraço, por isso tanto dá que seja aos 3 como aos 8 meses; os riscos são praticamente os mesmos. Se o projecto-lei em causa for aprovado, aí sim defendo que, havendo condições de salubridade, a mulher deva ser penalizada por interromper a gravidez fora do prazo permitido por lei. Tendo em conta que as penas têm que ser obrigatoriamente revistas.
E se tu, como homem, podes optar por aprofilhar uma criança, porque é que a mulher não há-de ter os mesmos direitos de escolher se quer ou não ser mãe? Se quer assumir a responsabilidade? Só porque é dentro dela que se gera um embrião? Por uma questão anatómica milenar que o sexo feminino é obrigado a aceitar??
"mas como se torna tão vulgar a sua aquisição, assim se tornará a repetição de uso"
esta frase resume bem as coisas. Quando o aborto for legal também será mais vulgar e fácil de se fazer. Não vão terminar os abortos. Antes pelo contrário.
Mosqueteira: que tipo de penalizações defendes no caso de as mulheres abortarem para lá da 12ª semana? não temes que muitas delas acenem novamente com o argumento que é escolha delas e que não devem ser julgadas?
Eu concordo quando dizes que as penas devem ser revistas. Mesmo no actual quadro entendo que as mulheres acusadas de aborto deveriam ter penas "sociais" ou seja em vez de irem para a cadeia [n a prática não vão] deviam ser obrigadas a trabalhar com crianças em dificuldades, ou em instituições de acolhimento. Possivelmente a liliana tem uma ideia mais fundamentada sobre este assunto. Talvez assim descobrissem que a vida de uma criança por mais sofrimento que possa ter, é o bem mais valioso.
Já agora, é óbvio que os homens podem aprofilhar ou não os filhos. Tal como as mães. A diferença é que ao abortar estamos a tirar a vida à criança. Uma mãe pode não querer o seu filho, mas, na minha opinião, deve deixa-lo nascer porque a vida de outra pessoa não se ceifa só porque eventualmente não se gosta dela. haverá muitas pessoas que gostem e que possam fazer aquela criança feliz e um adulto realizado.
At 10:31 da manhã, Sara
Se a IVG for aceite, duvido que se torne vulgar interromper a gravidez porque acredito que seja instituído um sistema de controlo de aborto, até mesmo por parte dos hospitais (fichas médicas) e/ou Ministério da Saúde. Não é DEFINITIVAMENTE a mesma coisa que ir a uma farmácia e comprar um medicamento sem prescrição.
Concordo plenamente que os abortos não acabem mas pelo menos haverá a hipótese de o fazer em segurança (passo a vida a repetir-me...) e certamente diminuirão as mortes e as condenações das mulheres. A Holanda aceita o aborto a pedido da mulher até às 24 semanas sendo um dos países com menos índice de abortos. Em relação às penalizações, é necessário que primeiro seja aceite o projecto-lei que despenaliza o acto, poupando o sofrimento e dor que esta discussão envolve.
Na Carta de Direitos Sexuais e Reprodutivos da International Planned Parenthood Federation, defende-se que todas as mulheres têm o direito de efectuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as opções relacionadas com o aborto seguro. A Plataforma de Acção de Pequim, aceite pelo estado português, reitera os mesmos princípios.
“…é óbvio que os homens podem aprofilhar ou não os filhos. Tal como as mães.” Tens a certeza? Não estamos a falar de adopção, estamos a falar de reconhecimento maternal/paternal. Explica-me como é que uma mãe diz que o bebé que acabou de sair do seu útero diz que o filho não é dela? É que no caso dos homens ainda há a possibilidade de o negarem até ao momento em que sejam obrigados a fazer um teste de ADN, mas no caso da mulher…
Para mim a diferença é que ao interromper a gravidez não estamos a tirar a vida a uma criança. Se a difícil decisão de abortar for tomada, estamos a poupar uma vida de amargura a pelo menos dois seres humanos.
"Se a difícil decisão de abortar for tomada, estamos a poupar uma vida de amargura a pelo menos dois seres humanos. "
Como é que tu podes saber isso? por acaso consegues ver o futuro?
Que eu saiba a qualidade da vida que se vai ter não se predestina no útero!
"A Holanda aceita o aborto a pedido da mulher até às 24 semanas sendo um dos países com menos índice de abortos."
quero dados.
Disseste muito bem. Com um teste de ADN o pai não conseguirá escapar. Mas eu falava de aceitar e cuidar do filho. As mães e pais podem não querer criar o filho mesmo sabendo-se que são pais. Mas haverá quem crie.
"Se a IVG for aceite, duvido que se torne vulgar interromper a gravidez porque acredito que seja instituído um sistema de controlo de aborto"
controlo? então se é a vontade da mulher! vai haver mais abortos na legalidade e na clandestinidade continuam a existir.
Já agora quem foi a última mulher a ser condenada?
"Na Carta de Direitos Sexuais e Reprodutivos da International Planned Parenthood Federation, defende-se que todas as mulheres têm o direito de efectuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as opções relacionadas com o aborto seguro."
em que moldes?
At 3:12 da tarde, Sara
“As mães e pais podem não querer criar o filho mesmo sabendo-se que são pais. Mas haverá quem crie.” Como é que tu podes saber isso? Por acaso consegues ver o futuro? Que eu saiba a qualidade de vida que se vai ter também não se predestina com base em suposições desse género
Realmente deves pensar que eu invento números só porque ficam bem na minha argumentação… Caso da Holanda: http://www.minbuza.nl/default.asp?CMS_TCP=tcpAsset&id=2A1E1DEDB75F46DCAC9A05204E4C19C0X1X53953X18
Controlo na medida em que o aborto não se torne um método contraceptivo. Da mesma maneira que se controlam as doses de metadona fornecidas aos toxicodependentes. Da mesma maneira que se controla o historial clínico de qualquer pessoa.
Em Junho de 2005 vieram a público mais dois julgamentos por aborto em Portugal. Mas devido ao facto de terem sido interpostos inúmeros acidentes de recusa, não sei se o caso já terá transitado em julgado com sentença condenatória.
Carta dos Direitos Sexuais e Reprodutivos: http://www.apf.pt/leis/cartaIPPF.htm
At 3:54 da tarde,
Antes de mais, desculpem a demora a responder mas tenho tido muito trabalho…
Tudo bem que a pílula não seja um método abortivo, mas o facto é que como em tudo (no aborto e em muitos outros aspectos) quando não há um uso consciente e responsável pode provocar efeitos secundários, principalmente quando usada em excesso... pq na verdade há imensas jovens que a usam como se tratasse de um método contraceptivo (que não é)...
mas não é sobre a pílula do dia seguinte que estamos aqui a falar...
Sei perfeitamente que és contra o aborto, mas imagina-te com 17 anos de idade e ficas a saber que vais ser pai devido a um descuido de uma relação sexual ocasional!! Tu achas msm que com 17 anos terias dito: “ahhh, não e tal… a gente é jovem, mas consciente e responsável por todos os actos que comete e portanto não vou permitir que faças um aborto!! Que se lixe a universidade, as noitadas fora de casa com os amigos, os meus sonhos, vou deixar a escola, arranjar um emprego e ajudar-te a cuidar do puto, não te preocupes, tá-se bem!!”, achas msm???
Além dos casos que estão previstos na lei (má formação do feto, violação, e perigo de vida para a mulher), penso que quando as crianças (e voltando ao msm…) não são amadas e desejadas o aborto deve ser uma opção…
conheço muitas crianças que não foram desejadas e que actualmente estão vivas e que são felizes; mas, também conheço outras que apenas sobrevivem com migalhas de cuidados básicos, sem amor e afecto…
Infelizmente o nosso sistema judicial não funciona assim tão bem quanto isso… realmente há penas de prisão substituídas por trabalho comunitário, mas isso acontece mais nos casos de condução sob o efeito de álcool, vandalismo, entre outros (mas em pouquíssimos situações)… agora em caso de aborto desconheço completamente!!
Infelizmente, outra vez (e contra mim falo), os nossos sistemas de apoio social não funcionam assim tão bem quanto isso!! Lembra-te das crianças que estão institucionalizadas e que passam por imensos abusos (físicos, emocionais, sexuais, etc.). Abusos que todos nós ouvimos falar diariamente na comunicação social… o objectivo final destas instituições é proporcionar um “lar” (em todas as vertentes que a palavra abarca) a estas crianças, só que infelizmente em muitos destes “lares” (não em todos, é certo!!) existem variadíssimos problemas muito difíceis de ultrapassar… além disto, estás mais ou menos consciente de como funciona, por exemplo, um processo de adopção em Portugal? Sem contar com as novas medidas implementadas pelo governo, que esperemos venham a reduzir para cerca de um ano o processo de adopção, hoje em dia a concretização de um processo de adopção demora pelo menos 3 anos!! É muito tempo… isto é claro quem quer e tem possibilidades de adoptar uma criança… o que acontece em pouquíssimos casais que querem adoptar e há milhares de crianças institucionalizadas… e quando querem, preferem os que não têm irmãos e os que são bebezinhos…
Percebo quando dizes que a vida de uma pessoa pode mudar e num momento pode não ter possibilidades (económicas, sociais, emocionais, etc) para ter, cuidar, amar um filho e que noutro momento da sua vida já seja capaz de tal… no entanto como tu disseste, ninguém é capaz de prever o futuro.. não se sabe o que vai acontecer… conhece-se o já e o agora… e é com base nesse já e agora que tomamos todas as decisões da nossa vida...
At 1:02 da manhã,
já que disse que comentava ...
A vantagem de chegar por último à "conversa", é que já tive a oportunidade de "ouvir" todos os argumentos - pró e contra - (pelo que prometo não os repetir) permitindo-me apenas,registar aqui, numa exposição breve e simles, e mesmo simplista,a minha opinião.
Antes porém, gostaria de referir que a argumentação aqui exposta, mais precisamente a que remete para a imperatividade da responsabilização/conscientalizaçãodo acto do qual "resultará" o aborto, surpreendentemente, alterou a minha visão sobre a legitimação moral do acto em si, mas não a minha decisão ...pelo SIM.
Então vamos lá, Ice...
- sou pelo Sim porque o Não representa a hipocrisia social e moral (moral, na medida em que estamos a julgar,condenar e impedir, o direito que defendemos e instituímos como o mais sagrado do Homem - o da Liberdade, aqui entendida no seu sentido mais lato - só porque o exercício desse direito, no caso, traduzido na opção pelo aborto, vai contra os nossos valores e princípios morais;
- sou pelo Sim pelo mesmo motivo que não admito que alguém (sociedade, religião,ideologia política, etc.) determine a minha conduta; não admito (ou quero continuar a acreditar que não admito) que me digam como devo pensar, sentir e muito menos agir.
- sou pelo Sim porque acredito, convictamente, que a decisão de abortar, deve ser um acto de consciência individual, assente nos valores morais pelos quais o indivíduo (mulher) se rege; é o indivíduo, a sua consciência e, às tantas, se nisso se acreditar,uma consciência superior;
- exactamente por isto rejeito a posição de que o homem (pai) e/ou terceiros (sociedade em geral)que terão sempre um papel e envolvimento passivos a nível físico e emocional com todo o processo gestacional (quer se queira, quer não, não vão vivenciar/sentir o que e como a gestante e o feto se relacionam, "sentem", aceitam«»rejeitam) tenham o direito a se pronunciar activamente sobre um assunto que, pelas razões apontadas, deverá ser do foro restrito e íntimo da mulher; o facto é que a vida que se defende ter existência própria, para além da mãe, (ainda que pareça monstruoso dizer)não existirá sem o "corpo" (mãe)que lhe confere essa mesma existência; é este o aspecto, que no meu entender, faz a diferença relativamente à comparação do aborto à "tirada" da vida a seres humanos com uma existência já independente de outro corpo físico.
- sou pelo Sim porque acredito que as mulheres que optam pelo aborto despenalizado são as mesmas que recorreriam/recorrerão ao clandestino, não as outras.
Finalizando _que se faz tarde ;)...
os meus princípios/valores morais, impedem-me (até onde julgo conhecer-me)de praticar um aborto, mas o respeito pelo próximo, impede-me de "exigir" e impor que os outros se rejam pelos meus valores, ainda que os seus valores lhe permitam pôr em causa uma nova existência (que até poderia ter sido a minha).
É uma decisão individual, não colectiva. O papel da colectividade aqui é o de instruir, clarificar e amparar, independentemente da decisão, e não o de julgar ou reprimir.
É só a minha opinião... e desculpem alguma ideia menos clara ou termo menos adequado.
Mosqueteira:
"As mães e pais podem não querer criar o filho mesmo sabendo-se que são pais. Mas haverá quem crie.” Como é que tu podes saber isso? Por acaso consegues ver o futuro? Que eu saiba a qualidade de vida que se vai ter também não se predestina com base em suposições desse género"
estiveste bem eheh foi a resposta que se impunha. Mas que não invalida aquilo que eu digo. Como não prevemos o futuro nem para um lado nem para o outro, entre viver e morrer, devemos deixar viver. Seria o mesmo que agora matarmos as pessoas que sofrem de doenças só porque sabemos que elas vão sofrer. Metam uma coisa na cabeça. Nós não temos direito sobre a vida de outra pessoa. Por muito que isso nos custe!
Os números que apresentas são bons apesar de dar para os dois lados: A Holanda e Bélgica com números baixos e a Bulgária com índices muito altos. a prática de aborto em muitos países é feita de forma totalmente indiscriminada. legalizar abre essa possibilidade em portugal. Dava também jeito termos números do nosso país. Além disso sao dados de 1997. com quase 10 anos.
"Todas as mulheres têm o direito de efectuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as opções relacionadas com o aborto seguro."
é uma alínea ambígua. Aborto seguro pode ter a ver com as exepções que nós temos na nossa legislação. Não defende claramente a legalização do aborto.
Lili:
"Sei perfeitamente que és contra o aborto, mas imagina-te com 17 anos de idade e ficas a saber que vais ser pai devido a um descuido de uma relação sexual ocasional!! Tu achas msm que com 17 anos terias dito: “ahhh, não e tal… a gente é jovem, mas consciente e responsável por todos os actos que comete e portanto não vou permitir que faças um aborto!! Que se lixe a universidade, as noitadas fora de casa com os amigos, os meus sonhos, vou deixar a escola, arranjar um emprego e ajudar-te a cuidar do puto, não te preocupes, tá-se bem!!”,
Ok se reduzimos a vida de outrém a essas conveniencias ... Além disso, um filho não significa que as pessoas deixem de viver. Terão que ter outros cuidados, claro, mas podem fazer isso tudo. Aliás há milhares de pessoas que o fazem e felizmente, eu conheço algumas.
"não são amadas e desejadas o aborto deve ser uma opção… "
Não percebo tanto determinismo. se a criança não for amada e desejada pela mae significa que não pode ser amada por mais ninguém? aquela pessoa será sempre infeliz em todos os dias da sua vida só porque não foi desejada? Isso é FALSO. Conhecemos gente que é infeliz e foi desejada também há muita gente que não foi desejada e é feliz. Por isso em caso de dúvida o que se faz? Deixa-se viver!
Quanto aos processos de adopção sei que são complicados. Mas compete ao estado agilizar. AS instiuições de acolhimento praticam abusos? pois praticam. Mais uma vez compete à sociedade tratar disso. Não é pelos hospitais não serem grande coisa que vamos tirar a vida aos idosos doentes pois não?
Who cares:
"sou pelo Sim porque o Não representa a hipocrisia social e moral (moral, na medida em que estamos a julgar,condenar e impedir, o direito que defendemos e instituímos como o mais sagrado do Homem - o da Liberdade, aqui entendida no seu sentido mais lato - só porque o exercício desse direito, no caso, traduzido na opção pelo aborto, vai contra os nossos valores e princípios morais;"
A esta respondo como respondi atrás:
Odeio a minha vizinha. Vou matá-la. é a minha liberdade faze-lo. que argumento tão mesquinho!
"sou pelo Sim pelo mesmo motivo que não admito que alguém (sociedade, religião,ideologia política, etc.) determine a minha conduta; não admito (ou quero continuar a acreditar que não admito) que me digam como devo pensar, sentir e muito menos agir."
ver alínea anterior.
"exactamente por isto rejeito a posição de que o homem (pai) e/ou terceiros (sociedade em geral)que terão sempre um papel e envolvimento passivos a nível físico e emocional com todo o processo gestacional (quer se queira, quer não, não vão vivenciar/sentir o que e como a gestante e o feto se relacionam, "sentem", aceitam«»rejeitam) tenham o direito a se pronunciar "
Como disse? O pai não abre o bico porque não tem direito. A mãe tem direito a tirar a vida da criança porque depende dela? hum.... interessante.
Tragam mais!
At 5:43 da tarde, Sara
Já começo a ficar um bocadinho cansada...
Ice-Device:
Da maneira que pensas, nada (absolutamente nada!) invalida aquilo que digas. É tudo ambíguo, incerto, duvidoso, vago, obscuro, indefinido...
O nick DEUS só resulta mesmo no Messenger. Na vida real, quem és tu para teres a presunção de que a razão está toda do teu lado?
Se não temos direito sobre a vida de outra pessoa, porque é que a pena de morte ainda existe?
E não percebo a comparação entre Portugal e a Bulgária quando defendes tanto que o nosso país se afasta em muito do terceiro mundismo.
"E não percebo a comparação entre Portugal e a Bulgária quando defendes tanto que o nosso país se afasta em muito do terceiro mundismo."
não disse que Portugal ia ser como a Bulgária. Disse que podia ser. Tal como como espero, quando a IVG for liberalizada, pode ser que seja como na Bélgica com poucos casos.
"Se não temos direito sobre a vida de outra pessoa, porque é que a pena de morte ainda existe?"
Nunca me viste, nem nunca verás defender a pena de morte. è uma prática atroz que coloca o estado ao nível dos criminosos. é caracrteristica das sociedades mais atrasadas socialmente dentro da lógica "olho por olho dente por dente".
"Na vida real, quem és tu para teres a presunção de que a razão está toda do teu lado?"
é curioso. Essa é uma atitutde que as forças políticas que defendem o aborto têm. Uma sobranceria indisfarçável de quem considera os defensores do "não" um bando de atrasados, fascistas ou cegos religiosos. Por de tras da cortina de barulho que a comunicação social amplia está o verdadeiro debate. PCP e Bloco, são realmente ridículos quando falam de aborto. Vivem um trauma histórico com o fascismo e com a religião que nunca conseguirão ultrapassar. então tudo que é contra as suas ideias é, de repente fascista ou fundamentalista religioso.
Esta discussão permite uma coisa: os defensores do "sim" com as suas ideias e causas legítimas têm que perceber que do lado de cá estão pessoas igualmente inteligentes, convictas e que lutarão ponto por ponto, sem populismo, naquilo em que acreditam. Mais. os nossos argumentos, quando bem explicados e defendidos podem expor as vossas contradições e demagogias [que também existem do lado de cá, claro].
Não cometam erros: foi a arrogancia de uma suposta superioridade intelectual que vos fez perder o primeiro referendo.
At 2:36 da tarde, Sara
Isto é tudo menos uma questão política. A não ser que dês razão às causas fascistas.
E para conseguirmos entender a concepção do dogma cristão em relação ao aborto é necessário abordar as raízes do cristianismo que são simultaneamente as raízes da demonização e menorização da mulher, dê lá por onde der...
o que vocês não entendem, é que a minha posição não tem nada de cristão mas sim de filosófico. Para mim a Igreja é igualmente populista e baseia o seu poder na ignorância. E de facto a mulher é menorizada em todas as religiões.
Mas basear a argumentação pro-aborto na ideia que quem é contra é porque quer menorizar as mulheres, é errático e no meu caso, uma falsa questão. Porque é a minha convicção pessoal que não são os direitos da mulheres que estão em causa. São os direitos da vida nova que se formou. Eu adoro mulheres. É graças a elas que a nossa sociedade evoluiu e nunca fiz qualquer discriminação em relação a isso.
E sim. A liberalização do aborto é e muito uma questão política. é uma cruzada que algumas forças políticas tomaram como sua e a defendem de um modo também ele dogmático e absurdo, minando até, os argumentos válidos e pertinentes que o seu próprio lado levanta.
E eu voto SIM à IVG até às 12 semanas independentemente da razão porque digo não ao aborto clandestino.
Voto SIM porque a mulher tem o direito de não querer engravidar, mas se acontecer cabe-lhe também o direito de não ser mãe.
Voto SIM porque é uma questão de direitos humanos e cidadania que coincide com os princípios constitucionais de direito à liberdade e privacidade.
Voto SIM porque é uma questão de justiça social e saúde pública.
Voto SIM porque Portugal é um país onde as mulheres são julgadas por abortarem.
Voto SIM contra a hierarquia da Igreja Católica, contra a Direita e o contra o conservadorismo.
Voto SIM no mesmo Estado que não garante o direito a uma maternidade consciente e ainda pronuncia sentenças às mulheres.
Voto SIM contra a traumática prova de exposição da intimidade feminina em praça pública.
Voto SIM pelo direito das mulheres à dignidade. Pelo direito de optar. Pelo direito à vida privada. Pelo direito à saúde. Pelo direito à educação. Pelo direito à vida. Pelo direito à liberdade. Pelo direito à segurança. Pelo direito à liberdade de consciência. Pelo direito a uma maternidade e paternidade felizes e conscientes.
Voto SIM porque não impede a opção pelo não.