segunda-feira, maio 29, 2006
Cerejas
Por esta altura, elas caíam do céu como o granizo no Inverno. Vermelhas, maduras, doces e saborosas… Aos pares, normalmente, as cerejas eram mais que um fruto. Quase uma bênção dos santos populares que se aproximavam.O SeZé tinha uma cerejeira enorme. Era uma árvore robusta, tronco altivo, com mais de 30 anos. Embora plantada no seu terreno, a árvore deixava que as cerejas aterrassem junto ao páteo da casa da minha avó.
O SeZé, feirante de facas e talheres, era uma pessoa resmungona, que perseguia, com a vergasta as crianças da rua; mas, no que toca às cerejas, era uma alma infantil. Atirava-nos cerejas para que alegrássemos o estômago. Às vezes, passávamos das marcas e comíamos cestos, toneladas. Nem imaginam o bom que era comer cerejas e beber de seguida um copo de água gelada. O abuso culminava na casa de banho, com dores de barriga intensas. Mas rapidamente esquecia… Não me incomodavam aquelas dores... Queria mais cerejas. Mais…


O cheiro, a cor e a enorme cereijeira do quintal da minha avó são das minhas melhores recordações de infância. Lembro-m como costumavamos escapar à sesta para nos empoleirarmos na enorme àrvore para comer cerejas às escondidas e lá ficávamos até nos descobrirem e nos obrigarem a descer da àrvore, ou até nós alambazarmos e as dores de barriga começarem a apertar, ou ainda até ser final da tarde e já toda a gente andar louca à nossa procura e nós os 4 nos termos cansado de rir às custas de todos.
Ainda ontem voltei a subir à cerejeira, mas ela já n m parece tão grande, nem m parece tão divertido, no entanto é ainda um belissímo sítio para assistir ao pôr-do-sol.