quarta-feira, outubro 25, 2006
Das pequenas coisas… em Deus

Fiquei a assistir a um debate entre Lula e Alckmin, Terça-feira à noite. O primeiro exibia a mudança social e o combate à pobreza alegadamente imprimido durante o seu mandato presidencial. O candidato do PSDB, por seu turno, em cada resposta, intervenção, réplica e tréplica, tocava nas feridas de corrupção e nos escândalos associados ao governo do PT, como o famoso «mensalão». «Oh Alkmin…», retorquia o herói de todos os torneiros-mecânicos, no início das declarações, num estilo coloquial, e num tom de embaraço áspero.

E, na segunda parte, depois de Alckmin insistir que o Brasil cresce 2 por cento (um terço da Argentina e abaixo da média dos países emergentes, como frisava), Lula foi questionado, inteligentemente, por uma jornalista da Rede Record, sobre qual a maior virtude do seu oponente. «A civilidade», apontou Lula. A resposta é no mínimo decepcionante, ou em democracia os homens da coisa pública não são, aparentemente, cívicos?

Alckmin teve direito também a uma questão-bala. «Qual o seu maior defeito?». Limitou-se a divagar, a discorrer à volta do óbvio, concluindo que, como todos os homens, tem os seus defeitos e as suas virtudes. E voltou à carga, outra vez, com a corrupção, com a falta de ética dos homens próximos de Lula, até citou Santo Agostinho (as críticas o fortalecem e os louvores o corrompem).

Acabei por desligar o televisor, minutos depois. 23H15.

E no Domingo, saberemos que Lula continuará a ocupar o lugar ainda quente no Palácio do Planalto. E o Brasil continuará a ser potencialmente uma potência. Corrupto, também; com mulheres belas, com todas as probabilidades genéticas e culturais; com a Amazónia a desaparecer aos bocados; com caipirinha todo o Santo dia; com samba todo o santo Carnaval; com o Cristo Redentor de pé, no morro do Corcovado; com Pelé, eterno rei do futebol; com as favelas alojadas ao lado de hotéis de 5 estrelas; com os políticos que merece, talvez.

Se Deus fosse brasileiro, duvido que Ele fosse votar no próximo dia 29 de Outubro. Deus preferiria abençoar as pequenas coisas do Brasil. Nele reside a sua essência. Mas água benta, só, não chega para o Brasil crescer e ser respeitado.
 
Lavrado por diesnox at quarta-feira, outubro 25, 2006 | Permalink |


14 Comments:


At 12:36 da tarde, Anonymous Anónimo

Se Deus fosse brasileiro, com certeza ele iria votar até porque o voto no Brasil é obrigatório... o Brasil é ainda uma criança, é preciso ter calma e, acima de tudo, fazer as coisas sem pressas... ele vai crescer... Tenho medo do Alckmin... do Lula já sei o que esperar, mas o Alckmin assusta-me... tenho medo que se venda aos USA.
Os brasileiros saberão fazer a escolha. Eles é que sabem se alguma coisa mudou nos últimos anos, ou não.

Nós devíamos era estar preocupados com o estado de sítio aqui em Portugal. É impressão minha ou o PSD está a hibernar? Onde é que está o maior partido da oposição? Estão a pactuar com a arrogância do sr. Sócrates? Ele precisa de uma grande lição, o sr. "ele não nos vão derrubar"... vou ficar à espera do "buzinão na ponte"!

 

At 1:31 da tarde, Blogger diesnox

Nem mesmo sendo obrigatório, Deus ia votar... Ia insurgir-se contra o estado de um país onde os que podem roubam e os que não podem andam em busca de uma forma de o fazer... Os recursos vão para meia dúzia de generais, enquanto o povão rouba para sobreviver. Lula come as palavras enquanto os seus homens fortes comem o real do erário público. Alckmin fala bem, mas de conteúdo nada acrescenta.

Por isso, o melhor é ficar a beber umas capirinhas e comer uma boa picanha!

 

At 1:56 da tarde, Blogger Ice-device

O brasil é um grande país. Mas não tem remédio. Corrupção, violência, baixa escolaridade, e uma organização decalcada do sistema americano acentuam as diferencças entre ricos e pobres. É potencialmente uma potência, mas enquanto as coisas estiverem assim nunca será um país justo e próspero. Por muito que as elites o coloquem no topo do mundo em determinadas áreas (agricultura, desporto, ciencia, comunicação).

Mesmo assim. acho que votava no Lula. Um Mastodonte daqueles precisa de um bocadinho de esquerda para nivelar e depois mais tarde um pouco de direita para dinamizar. à la chinesa.

 

At 3:34 da tarde, Blogger diesnox

Para mim, o problema não deve ser nunca visto desse ponto de vista ideológico e completamente ultrapassado. Não se trata de um assunto de direita ou de esquerda. Tão-só um assunto de homens: criatividade, organização, gestão, desenvolvimento e solidariedade. O Brasil tem recursos, uma área superior ao território dos EUA, é o quinto país mais populoso, portanto, tem condições para vencer. Não há poções mágicas, mas tem de haver 2 coisas: vontade e escolhas. Vontade em mudar; escolhe o que se quer.

O Brasil tem o mesmo problema que nós por cá: tem uns nichos - em que realmente são muito bons - agricultura, indústria farmacêutica e aeronáutica; mas nã tem o básico, não se investe em educação, não se ministra civismo.

Que controlem a criminalidade, e esta só se fará com oportunidades. Enquanto não se derem oportunidades aos pobres, o Brasil continuará a ter 60 mil homicídios por ano. Não é admissível num Estado com lema «Ordem e progresso», que haja uma ordem de poderes paralelos (PCC e os bandidos da droga); do progresso, só uam faxa pequena sente os seus efeitos positivos.

 

At 4:00 da tarde, Blogger Ice-device

Correcção: o Brasil é mais pequeno que os EUA 8.511.000 km2 contra qualquer coisa como 9.380.000 dos EUA, mais quilómetro menos kilómetro.

 

At 10:48 da manhã, Blogger diesnox

Ok!Mais pequeno que os EUA, mas por pouco...

 

At 11:10 da manhã, Blogger Ice-device

sim... pouquinho... mais ou menos o equivalente a dez "Portugais"!

 

At 11:38 da manhã, Blogger diesnox

Os EUA têm mais zona árida que o Brasil... Onde se devem incluir esses 10 portugais.

 

At 1:30 da tarde, Blogger Ice-device

ahah
e amazónia? e o Nordeste árido e seco? E as tenperaturas elevadas todo o ano que têm um efeito negativo na estrutura biológica do ser humano ( tornando-o menos alerta e concentrado)?

 

At 1:38 da tarde, Blogger diesnox

A Amazónia não é uma zona árida. Pelo contrário, é uma zona viva, com potencial... desque não seja desvastada. O Nordeste idem... Os quilóemtros de praia que esta zona tem. Tudo virgem... Faz uma visita e verás os magníficos projectos hoteleiros de portugueses, holandeses e não só... A Brasil é um continente, não um «país»...

 

At 1:43 da tarde, Blogger Ice-device

mas não tem solução. Muito potencial. Pouca justiça social educação, civilidade e prosperidade. Custa ver um páis daqueles não ser tipo o 4º ou 5º no índice de desenvolvimento humano das Nacões Unidas. está em 50º qualquer coisa...

 

At 3:23 da tarde, Blogger diesnox

Tem solução sim. De pessimismos assim já basta o mundo. E o mundo é dos audaciosos...

 

At 4:26 da tarde, Blogger Ice-device

eu já fiz uma aposta com um primo meu e faço uma contigo se quiseres:

Se o Brasil entrar no grupo dos 20 países mais desenvolvidos nos próximos 20 anos pago-te um jantar e retrato-me publicamente.

temos negocio?

 

At 5:48 da tarde, Anonymous Anónimo

LULA DE NOVO,
COM A FORÇA DO POVO!!!!


Vão ser precisos mais do que 20 anos... 40... mas eles chegam lá...